Podcast: Mecanismos Imunopatológicos da Asma

Podcast: Mecanismos Imunopatológicos da Asma, com Prof. Doutor Manuel Branco Ferreira (imunoalergologista, Hospital Santa Maria, Lisboa).

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Asmáticos em maior risco de sofrer de depressão?

A depressão é um problema que afecta um número muito significativo de pessoas. Sabe-se que as pessoas que sofrem de uma doença crónica, seja ela qual for, podem ter um risco maior de sofrer deste mal. Os asmáticos estão incluídos neste grupo e, embora haja ainda muitos factores por explicar, vários estudos apontam para a existência de uma associação entre a asma e a depressão.  

Alguns trabalhos de investigação registam a existência de um risco duas vezes maior de diagnóstico de depressão num asmático por comparação a um não asmático. Em certos casos, o desenvolvimento de uma depressão é mais provável do que noutros. Os doentes com asma grave, de difícil controlo, vêem a sua qualidade de vida bastante afectada e os resultados da terapêutica ficam, frequentemente, aquém das expectativas do doente. Assim sendo, são um grupo de risco no que toca ao desenvolvimento de patologias mentais. 

Certos estudos científicos adiantam também que a depressão associada à asma afecta os mais jovens. De acordo com um trabalho desenvolvido em 2007 na Universidade de Washington (EUA) em parceria com o Seattle Children’s Hospital, cerca de 16% dos jovens com idades compreendidas entre os 11 e os 17 anos sofre de depressão ou de algum distúrbio relacionado com ansiedade. 

Um estudo norte-americano publicado na revista Chest, em 2001, aponta no mesmo sentido no que toca aos adultos. Segundo os cientistas de Atlanta, a prevalência deste tipo de problema mental nos asmáticos ronda os 19%, quando entre os não asmáticos não chega aos 10 pontos percentuais. 

Mas é importante referir que não é só a asma que está associada a um maior risco de sofrer de depressão. As sinergias entre as duas patologias são mais complexas. A depressão também tem um forte impacto na asma. Como? A comunidade médico-científica tem comprovado que os asmáticos com depressão cuidam menos da sua saúde: não seguem as terapêuticas, não adoptam medidas de evicção de alergénios e irritantes e não praticam exercício. Ou seja, fazem muito pouco no sentido de melhorar os sintomas da doença e incorrem até em comportamentos altamente nocivos para a asma, como fumar, por exemplo. 

A combinação é explosiva. Sofrendo de uma doença tão perturbadora como é a depressão e tendo a asma não controlada, a qualidade de vida do doente é fortemente diminuída. Sair dessa bola de neve pode ser difícil. É importante que se adopte uma luta a duas frentes, para combater simultaneamente a depressão e controlar os sintomas respiratórios. 

Para isso, importa que doentes e médicos estejam familiarizados com as relações existentes entre estas duas doenças. Só assim a doença pode ser identificada e tratada.

De acordo com a AAAI, deve consultar o seu médico se sofrer de alguns destes sintomas por mais de duas semanas:

  • Estado anímico depressivo;
  • Desinteresse por todas as actividades;
  • Distúrbios do sono;
  • Fadiga;
  • Sentir que lhe faltam as palavras;
  • Falta de concentração;
  • Pensamentos recorrentes sobre a morte.

Lembre-se que a asma, mesmo que bem controlada, vai acompanhá-lo sempre, mas a depressão tem tratamento. Procure ajuda médica para ultrapassar a depressão, vai ver que, depois, a asma o deixa respirar melhor.

 

Fontes:
http://thorax.bmj.com/cgi/content/abstract/56/4/266?maxtoshow=&HITS=10&hits=10&RESULTFORMAT=&fulltext=

depression+asthma&andorexactfulltext=and&searchid=1&FIRSTINDEX=0&sortspec=

relevance&resourcetype=HWCIT


Responsabilidade das crianças pelo controlo da medicação diária aumenta com a idade

A minha filha já tem 12 anos, mas acho que ainda não tem idade para assumir a responsabilidade pela toma da sua medicação para a asma. Em que idade é aconselhável que sejam as próprias crianças a fazê-lo? 

Não existe uma idade a partir da qual nós possamos dizer: o seu filho ou a sua filha já pode assumir a responsabilidade pelo controlo da sua asma. Mas é certo que essa responsabilidade vai aumentando à medida que as crianças vão crescendo, como bem se compreende.

 

Calcula-se que, por volta dos 7 anos, as crianças já estejam preparadas para assumir 20% da responsabilidade na toma da medicação, mas os pais continuam a ter um papel preponderante. Por volta dos 15 anos, pensa-se que a quota-parte de responsabilidade das crianças será já de 75%, ou seja, dependem cada vez menos dos pais para lembrar a necessidade de tomar os medicamentos ou chamar a atenção para os horários das tomas. Só por volta dos 19 anos, porém, é que os adolescentes/jovens estarão efectiva e definitivamente em condições de se responsabilizarem a 100% pelo controlo da sua asma.

 

É claro que estes números são apenas “médias”. Há crianças que se sentem capazes de assumir inteiramente o controlo da situação desde muito cedo. Há vários factores que interferem nessa capacidade, para além da idade, designadamente os próprios pais.

 

Estes dados constam de um estudo publicado no “Pediatrics”, intitulado “At What Age Do Children Start Taking Daily Asthma Medicines on Their Own?”, realizado nos Estados Unidos da América, com o objectivo examinar a relação entre a idade de uma amostra de crianças (entre os 4 e os 19 anos) e a incumbência de controlar a doença.

 

Como era previsível, chegou-se à conclusão de que a competência das crianças neste âmbito aumentava com a idade, com umas pequenas ressalvas. É que aos 8, aos 12 e aos 16 anos havia um certo retrocesso nesse processo gradual de capacitação.

 

Embora possa ser um viés da amostra, a verdade é que nestas idades há grandes desafios que se intrometem, obrigando, muitas vezes, os pais a compensarem as distracções dos filhos.

 

De resto, um outro estudo recente do “Pediatrics”, o jornal da Academia Americana de Pediatria, vem apelar para a necessidade de acompanhar os adolescentes na transição para a idade adulta no que diz respeito ao controlo da asma, tendo em conta que esta é uma fase de especial vulnerabilidade.

Por isso, aconselha-se aos médicos e também às famílias a terem muito cuidado e muita paciência, assim como um aconselhamento adequado e planos escritos que ajudem o asmático a não se perder na imensidão de solicitações próprias da idade e a não esquecer a importância de manter a asma controlada.  

http://pediatrics.aappublications.org/cgi/content/abstract/122/6/e1186?maxtoshow=&HITS=&hits=&RESULTFORMAT=1&andorexacttitle=and&fulltext=

asthma+&andorexactfulltext=and&searchid=1&FIRSTINDEX=0&sortspec=

relevance&fdate=11/1/2008&resourcetype=HWCIT 

http://pediatrics.aappublications.org/cgi/content/full/122/6/e1186?maxtoshow=&HITS=&hits=&RESULTFORMAT=1&andorexacttitle=and&fulltext=

asthma+&andorexactfulltext=and&searchid=1&FIRSTINDEX=0&sortspec=

relevance&fdate=11/1/2008&resourcetype=HWCIT 

http://pediatrics.aappublications.org/cgi/content/abstract/122/Supplement_4/S215?maxtoshow=&HITS=&hits=&RESULTFORMAT=1&andorexacttitle=and&fulltext=

asthma+&andorexactfulltext=and&searchid=1&FIRSTINDEX=60&sortspec=

relevance&fdate=11/1/2008&resourcetype=HWCIT 

 

 

Crianças asmáticas continuam a respirar fumo de tabaco

De acordo com o relatório publicado no “Journal of Allergy and Clinical Immunology”, uma taxa muito elevada de crianças asmáticas é exposta a quantidades de fumo de cigarro muito elevadas, que interferem com a sua asma.

 

Os investigadores do Children’s Memorial Hospital, em Chicago (EUA), avaliaram 482 crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 14 anos e questionaram os seus educadores relativamente à existência de fumadores entre os familiares.

 

Os resultados demonstraram que mais de 2/3 das crianças tinham níveis de cotinina (um indicador da exposição ao fumo do tabaco) na saliva suficientes para haver um impacto negativo no controlo da asma.

 

Quase metade dos educadores admitiram existir um fumador na família. Em 30% dos casos, o principal responsável pela educação da criança fumava. Entre as crianças cujos pais eram fumadores, os níveis de cotinina eram duas vezes maiores do que nas restantes.

Os autores propõem que se desenvolvam programas de cessação tabágica dirigidos aos pais e educadores de crianças com asma.

Fontes:

http://www.jacionline.org/article/S0091-6749(08)01496-6/abstract 

 

Amamentação exercita capacidade pulmonar dos bebés

 Amamentar exercita a capacidade pulmonar dos bebés, demonstra um trabalho de investigação desenvolvido na Universidade da Carolina do Sul, em Columbia (EUA), publicado na revista “Thorax”.

Os investigadores norte-americanos avaliaram 1.033 crianças com 10 anos de idade que têm vindo a ser seguidas desde que nasceram. Perceberam que aquelas que foram amamentadas 4 meses ou mais têm maior capacidade respiratória do que as que foram amamentadas por curtos períodos de tempo ou não foram. Como a capacidade respiratória pulmonar não está relacionada com o sistema imunitário, não se pode atribuir estes resultados a efeitos benéficos do leite materno sobre o sistema imunológico das crianças.

Os autores defendem que é a força que as crianças amamentadas fazem para “puxar” o leite (normalmente cada amamentação demora 8/9 minutos) que exercita a sua capacidade respiratória. Note-se que, sendo assim, as mães que estão a bombear o leite para os biberões estão a fazer com que as suas crianças percam uma parte importante dos benéficos da amamentação. 

Fontes:

http://thorax.bmj.com

 

Exacerbações podem ser prevenidas

As exacerbações frequentes podem ser indicativas de uma maior gravidade da asma, comorbilidades importantes ou fraca adesão ao tratamento, sendo que a identificação dos factores de risco e a implementação de uma abordagem de longo prazo podem ajudar a reduzir a morbilidade e a mortalidade que lhes estão associadas.

O alerta é feito pelo Dr. Malcolm Sears, Professor de Medicina da Universidade McMaster, Canadá, num artigo publicado no “Journal of Allergy and Clinical Immunology”.

O médico avisa que as exacerbações estão muitas vezes relacionadas com infecções víricas, especialmente rinovírus, embora nem sempre. Tendo em conta o padrão sazonal das crises, sobretudo nas crianças, o especialista aconselha um tratamento anti-inflamatório adequado durante as estações de maior risco viral, designadamente após o regresso às aulas, isto é, a partir de Setembro, no caso do Hemisfério Norte.

Quanto às diferenças relativas aos sexos e às idades, ainda não estão bem explicadas, apesar de já ter sido demonstrada a influência das hormonas.

Fontes:

http://www.jacionline.org/article/S0091-6749(08)01484-X/fulltext#sec6 

 

Gravidade da constipação pode predizer alterações no controlo da asma

 

Nos indivíduos com asma, a gravidade da constipação (não confundir com gripe!) nos primeiros dois dias pode ajudar a prever alterações posteriores no controlo da doença.

Segundo um estudo publicado no “European Respiratory Journal”, é comum que o controlo da asma piore depois de uma constipação, sobretudo quando ela é mais grave, mas não só. A duração da constipação e a estação do ano em que ela ocorre são outros factores que têm uma influência comprovada.

Sabe-se que os asmáticos não respondem todos da mesma maneira à vulgar constipação. Este novo estudo é mais um passo para ajudar os clínicos a prevenir a deterioração do controlo da asma. 

Fontes:

http://erj.ersjournals.com/cgi/content/abstract/32/6/1548 

 

Asmáticos melhoraram com a nova lei do tabaco

Cerca de 40% dos doentes asmáticos referiram alterações positivas na sua saúde apenas dois meses depois da entrada em vigor da nova legislação sobre o tabaco, que condiciona o seu consumo em locais públicos, tais como cafés e restaurantes.

Este foi o resultado de um estudo feito em 96 doentes com asma seguidos na consulta de Pneumologia do Hospital Pulido Valente e no Hospital Santa Marta, em Lisboa, e divulgado na Revista Portuguesa de Pneumologia (Volume XIV, Suplemento 4, Dezembro de 2008).

As principais alterações positivas referidas no questionário foram a melhoria na realização das actividades diárias, diminuição dos sintomas e menor necessidade de recorrer à medicação de SOS.

Como indicam os autores, pertencentes ao Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, “a exposição passiva ao fumo do tabaco provoca a exacerbação dos sintomas de asma”.

Segundo os mesmos, os resultados deste estudo só vêm reforçar “a importância da aplicação de medidas legais eficazes como forma de melhoria do bem-estar dos doentes asmáticos”.

Fontes:

www.spp.pt

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www.paraquenaolhefalteoar.com

Educação e exercício melhoram qualidade de vida

A qualidade de vida e a morbilidade nas crianças asmáticas que se sentem mais infelizes podem melhorar com um programa de educação e exercício adequado, podendo mesmo haver ganhos do ponto de vista da função pulmonar e da tolerância ao exercício.

O “European Respiratory Journal” faz eco de um estudo cujo objectivo era, precisamente, estabelecer o grau de eficácia destes programas em termos de morbilidade e qualidade de vida num grupo de crianças com baixos níveis de qualidade de vida. Os resultados indicam, sem dúvida, que vale a pena investir na educação e em programas de actividade física.  

 

Fontes:

http://erj.ersjournals.com/cgi/content/abstract/32/6/1555  

 

 

Asma está sobrediagnosticada nos indivíduos obesos

Cerca de um terço dos indivíduos obesos e não obesos com um diagnóstico de asma não sofre desta doença. Quando são feitos os testes preconizados pelas autoridades nacionais e internacionais, nomeadamente provas de função respiratória, verifica-se que, afinal, muitos indivíduos estarão a ser identificados e tratados como asmáticos sem o serem, como sugere o “Canadian Medical Association Journal”.

O estudo teve como ponto de partida a dúvida sobre se a asma estará a ser sobrediagnosticada nos países desenvolvidos, particularmente nos indivíduos obesos, uma vez que estes têm uma maior tendência para sofrerem de dispneia, isto é, falta de ar do que os indivíduos não obesos. Os resultados indicam que sim, alertando para a necessidade de aprofundar o diagnóstico. 

 

Fontes:

http://www.cmaj.ca