Asmáticos em maior risco de sofrer de depressão?

A depressão é um problema que afecta um número muito significativo de pessoas. Sabe-se que as pessoas que sofrem de uma doença crónica, seja ela qual for, podem ter um risco maior de sofrer deste mal. Os asmáticos estão incluídos neste grupo e, embora haja ainda muitos factores por explicar, vários estudos apontam para a existência de uma associação entre a asma e a depressão.  

Alguns trabalhos de investigação registam a existência de um risco duas vezes maior de diagnóstico de depressão num asmático por comparação a um não asmático. Em certos casos, o desenvolvimento de uma depressão é mais provável do que noutros. Os doentes com asma grave, de difícil controlo, vêem a sua qualidade de vida bastante afectada e os resultados da terapêutica ficam, frequentemente, aquém das expectativas do doente. Assim sendo, são um grupo de risco no que toca ao desenvolvimento de patologias mentais. 

Certos estudos científicos adiantam também que a depressão associada à asma afecta os mais jovens. De acordo com um trabalho desenvolvido em 2007 na Universidade de Washington (EUA) em parceria com o Seattle Children’s Hospital, cerca de 16% dos jovens com idades compreendidas entre os 11 e os 17 anos sofre de depressão ou de algum distúrbio relacionado com ansiedade. 

Um estudo norte-americano publicado na revista Chest, em 2001, aponta no mesmo sentido no que toca aos adultos. Segundo os cientistas de Atlanta, a prevalência deste tipo de problema mental nos asmáticos ronda os 19%, quando entre os não asmáticos não chega aos 10 pontos percentuais. 

Mas é importante referir que não é só a asma que está associada a um maior risco de sofrer de depressão. As sinergias entre as duas patologias são mais complexas. A depressão também tem um forte impacto na asma. Como? A comunidade médico-científica tem comprovado que os asmáticos com depressão cuidam menos da sua saúde: não seguem as terapêuticas, não adoptam medidas de evicção de alergénios e irritantes e não praticam exercício. Ou seja, fazem muito pouco no sentido de melhorar os sintomas da doença e incorrem até em comportamentos altamente nocivos para a asma, como fumar, por exemplo. 

A combinação é explosiva. Sofrendo de uma doença tão perturbadora como é a depressão e tendo a asma não controlada, a qualidade de vida do doente é fortemente diminuída. Sair dessa bola de neve pode ser difícil. É importante que se adopte uma luta a duas frentes, para combater simultaneamente a depressão e controlar os sintomas respiratórios. 

Para isso, importa que doentes e médicos estejam familiarizados com as relações existentes entre estas duas doenças. Só assim a doença pode ser identificada e tratada.

De acordo com a AAAI, deve consultar o seu médico se sofrer de alguns destes sintomas por mais de duas semanas:

  • Estado anímico depressivo;
  • Desinteresse por todas as actividades;
  • Distúrbios do sono;
  • Fadiga;
  • Sentir que lhe faltam as palavras;
  • Falta de concentração;
  • Pensamentos recorrentes sobre a morte.

Lembre-se que a asma, mesmo que bem controlada, vai acompanhá-lo sempre, mas a depressão tem tratamento. Procure ajuda médica para ultrapassar a depressão, vai ver que, depois, a asma o deixa respirar melhor.

 

Fontes:
http://thorax.bmj.com/cgi/content/abstract/56/4/266?maxtoshow=&HITS=10&hits=10&RESULTFORMAT=&fulltext=

depression+asthma&andorexactfulltext=and&searchid=1&FIRSTINDEX=0&sortspec=

relevance&resourcetype=HWCIT