Asma na criança – o que é e como tratar

Detectar a existência de um terreno alérgico e diagnosticar precocemente a asma nas crianças são passos essenciais para instituir as necessárias medidas de prevenção ambiencial e avançar, se for caso disso, para a terapêutica farmacológica e imunoterapia específica. O desporto é sempre aconselhável, devendo os professores de educação física e os treinadores desempenhar aqui um papel fundamental. Contudo, muitas escolas ainda não estão sensibilizadas para o problema e não dispõem de planos de acção para fazer face a situações de emergência. De tudo isto se fala na entrevista ao Dr. Lopes dos Santos, pediatra e imunoalergologista, actual Director do Departamento de Pediatria do Hospital de Pedro Hispano (Unidade Local de Saúde de Matosinhos EPE) e Vice-Presidente da Secção de Imunoalergologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria.  

O que é a asma e como vê a asma na criança?

A asma é a doença crónica mais frequente nas crianças, atingindo cerca de 15% da população pediátrica. Caracteriza-se por um processo inflamatório crónico que leva a uma hiperreactividade brônquica e, consequentemente, a uma obstrução variável das vias aéreas, com períodos de agudização que revertem total ou parcialmente. Clinicamente, exprime-se por episódios de dispneia (falta de ar) e de sibilância recorrente (“pieira” ou “chiadeira”).

Nas crianças, essa inflamação tem, habitualmente, uma base alérgica. A alergia tem uma grande importância na asma infantil. No entanto, embora a alergia seja a principal causa da doença, por criar a hiperreactividade brônquica, não é o único factor desencadeante dos sintomas, que podem ser despertados também pelas infecções víricas, exercício físico, variações climáticas, factores psicológicos, irritantes como o fumo de tabaco e outros. O diagnóstico definitivo de asma pode ser difícil nas idades mais jovens em que se interligam frequentemente factores anatómicos, infecciosos e alérgicos. 

Em que idade se pode diagnosticar a asma?

A asma pode ser diagnosticada em qualquer idade, embora nos lactentes e crianças mais jovens o diagnóstico possa ser inconclusivo durante algum tempo, devido à maior frequência de quadros asmatiformes (fenómenos de obstrução brônquica semelhantes à asma) por outras causas.

Há numerosas condições malformativas, degenerativas ou disfuncionais que causam sintomas deste tipo na criança pequena, mas são pouco frequentes, pelo que não os irei referir. Há, porém, outras situações muito mais comuns de sibilância recorrente, que afectam cerca de um terço de todos os lactentes e, na maioria dos casos, são transitórias. Destas, só um terço acabam por vir a manifestar-se como asma pela vida fora. É, por vezes, possível afirmar o diagnóstico muito cedo, com grande probabilidade, com base nos antecedentes familiares, história clínica e alguns valores analíticos, mas só em alguns doentes. 

Quais são então essas situações frequentes que se podem confundir com a asma no lactente e criança pequena?

Uma causa muito comum de sibilância transitória é o pequeno calibre das vias aéreas. Há crianças que nascem com os brônquios mais estreitos devido, designadamente, ao tabagismo materno, prematuridade e outras circunstâncias em que a organogénese foi um pouco alterada. Durante algum tempo, esse calibre brônquico menor pode ser relevante clinicamente. Quando essas crianças contraem infecções respiratórias, poderá ocorrer mais facilmente obstrução brônquica, por edema e acumulação de secreções, mesmo sem qualquer hiperreactividade, ou broncospasmo. À medida que estas crianças crescem, embora continuem com os brônquios mais estreitos, isso deixa de ser relevante do ponto de vista clínico.

As infecções víricas são o principal factor desencadeante da asma e quadros asmatiformes no lactente e criança jovem. Perante um doente com sibilância recorrente associada às viroses respiratórias, devemos tentar perceber se se trata de uma situação transitória, resultante apenas das infecções víricas ou se é uma doença mais permanente em que os sintomas são, para já, desencadeados pelas infecções víricas, mas está subjacente um terreno atópico (tendência alérgica), podendo, mais tarde, surgir sintomas induzidos pelos alergéneos. Nestes casos, as infecções podem revelar mais cedo a doença, que vai continuar pela vida fora. São duas situações diferentes. 

Infecções víricas podem induzir hiperreactividade brônquica 

Segundo entendi, as infecções víricas têm um papel muito importante na sibilância do lactente e criança pequena. Existe alguma relação entre estas infecções e a alergia?

De facto, as infecções víricas, para além de poderem causar sintomas obstrutivos nos lactentes acima referidos, que nascem com as vias aéreas mais estreitas, podem, por si só, induzir uma hiperreactividade brônquica, mas que nada tem a ver com alergia ou terreno alérgico.

Essa hiperreactividade, causada pelo Vírus Sincicial Respiratório e outros, parece estar ligada a uma inflamação brônquica prolongada, diferente da inflamação alérgica, e pode persistir durante meses ou anos, acabando, no entanto, por desaparecer até à puberdade ou muito antes. No que respeita ao tratamento, estes doentes respondem bem aos antileucotrienos numa percentagem significativa de casos.

Noutras situações, como já foi dito, a infecção vírica, vem “revelar” um doente asmático, no qual já existia um dispositivo inflamatório hiperreactivo de tipo alérgico, em que predominam as células Th2 sobre as Th1, tornando as suas vias aéreas mais vulneráveis no caso de infecções víricas. Pode dizer-se, embora sem rigor científico, que estes doentes com “terreno alérgico” fazem uma espécie de alergia aos vírus”, o que vai condicionar uma resposta inflamatória mais intensa com sintomas característicos da asma. Do ponto de vista terapêutico, respondem bem aos corticóides inalados, podendo também melhorar com os antileucotrienos. 

Que medidas recomenda em relação à prevenção das infecções víricas? Aconselha a vacina da gripe?

Relativamente à prevenção das infecções, o vírus da gripe não induz, habitualmente, sintomas de asma. É discutível se esta vacina deve ser recomendada por rotina nas crianças asmáticas. Mais relevantes, neste aspecto, são o vírus sincicial respiratório, vúrus parinfluenza, adenovírus e rinovírus, para os quais não há vacinas e que podem desencadear sintomas de asma nestes doentes. Os pais devem evitar levar os lactentes e crianças jovens com história de sibilância recorrente para recintos fechados com muita gente, como centros comerciais, sobretudo no Inverno, bem como evitar visitas a pessoas doentes com infecções respiratórias.

Existe, no entanto, uma corrente científica que defende que as infecções nos primeiros anos de vida podem influenciar favoravelmente o sistema imunológico ao estimular preferencialmente as células Th1 em vez das Th2, diminuindo, assim, a incidência de doenças alérgicas. Trata-se da “hipótese higiénica”, que atribui o actual aumento das alergias aos maiores cuidados de limpeza higiene e salubridade na sociedade moderna. 

É importante detectar um “terreno alérgico” 

Como diagnostica a alergia nos lactentes e criança jovem e qual a importância deste diagnóstico nos casos de sibilância recorrente?

A detecção do “terreno alérgico” é importante, não só para orientar a terapêutica farmacológica, mas para instituir medidas preventivas.

O diagnóstico da atopia (terreno alérgico) baseia-se, antes de mais, na história familiar e pessoal, e no exame clínico, no sentido de saber se as crianças têm ou tiveram outras manifestações de alergia, como eczema atópico, alergia alimentar, ou um quadro sugestivo de rinite alérgica.

Além de atender à história familiar e pessoal, o médico terá em conta os factores desencadeantes prováveis. Numa criança pequena, é mais difícil, mas se nós conseguirmos encontrar uma relação aparente entre os sintomas e a exposição a um determinado alergénio, poderá existir um factor alérgico na origem da asma.

Para além dos dados obtidos na história e exame clínico, são importantes as provas cutâneas de hipersensibilidade imediata e, por vezes, análises ao sangue para pesquisa de IgE específicas (anticorpos responsáveis pelas alergias). No entanto, numa fase muito inicial da doença, pode não ser possível demonstrar sensibilizações específicas, nem por provas cutâneas, nem por análises de sangue. Em muitos desses casos, é já possível, no entanto, diagnosticar a “atopia” (constituição alérgica), detectada pela presença no sangue de uma IgE total elevada ou aumento dos eosinófilos (células associadas à reacção alérgica).

Em situações duvidosas, é legítimo fazer uma “prova terapêutica”, com tratamento anti-inflamatório brônquico (corticóides inalados e/ou antileucotrienos), tirando as respectivas ilações diagnósticas da resposta obtida. 

Quais as alergias mais habituais na criança asmática?

Nas crianças atópicas mais jovens, as alergias são provocadas, sobretudo, por alimentos e têm, frequentemente, expressão cutânea, embora possam contribuir para os sintomas respiratórios. À medida que a idade avança, vão surgindo as sensibilizações aos aeroalergénios (ácaros, fâneras de animais, fungos, barata e mais tarde, aos pólenes, como as gramíneas) e os sintomas passam a ser predominantemente respiratórios.

Enquanto o pó da casa existe durante o ano inteiro, os pólenes surgem apenas durante algumas semanas do ano, de modo que são necessários mais anos de exposição para que se crie uma sensibilização com relevância clínica.As polinoses são, por isso, mais comuns na adolescência. Excepcionalmente, algumas crianças pequenas podem já apresentar sensibilização aos pólenes com relevância clínica, mas não é habitual. 

“É fundamental fazer prevenção ambiental”

 Que medidas específicas recomenda para tratar a alergia na criança asmática?

Feito o diagnóstico, é fundamental fazer prevenção ambiental para evitar as sensibilizações ou o agravamento das sensibilizações já existentes, através da evicção dos alergénios, designadamente da exposição aos ácaros.

Do mesmo modo, se os pais estão a pensar adquirir um cão ou um gato, será aconselhável que não o façam, mesmo que o filho ainda não tenha alergias aos referidos animais.

Quando existem sensibilizações alérgicas com relevância clínica, isto é, quando a exposição aos alergénios desencadeia os sintomas de asma ou contribui significativamente para a hiperreactividade brônquica, está muitas vezes indicada a Imunoterapia Específica (dessensibilização com alergénios), conhecida vulgarmente por “vacinas para a alergia”. Pode ser muito eficaz, sobretudo em crianças, e permite, frequentemente, a médio ou a longo prazo, suspender ou diminuir drasticamente o tratamento medicamentoso da asma e da rinite alérgica. Pode ser administrada por via injectável subcutânea (sempre com vigilância médica apertada) ou por via sublingual, durando, em regra, de 3 a 5 anos. Deve ser prescrita, em princípio, por um médico imunoalergologista. 

Os medicamentos para a asma são seguros na criança? Quais são os mais usados?

Os medicamentos para a asma, para além de eficazes, são seguros também em idades pediátricas. Existem estudos de segurança destes fármacos nas crianças. É claro que só devem ser utilizados por orientação médica, devendo ser cumpridas todas as regras de vigilância preconizadas.

Para tratamento das exacerbações, utilizam-se, como no adulto, os broncodilatadores e os corticosteróides orais ou injectáveis. Para além da prevenção ambiental, é frequentemente necessário fazer tratamento medicamentoso prolongado para tratar a inflamação brônquica e prevenir os sintomas, pelo menos em certas alturas do ano. Utilizam-se, para este efeito, os corticóides inalados e os antileucotrienos, isoladamente ou em associação. Nalguns casos, poderão ser úteis broncodilatadores de acção prolongada, mas sempre em associação com os corticóides inalados. 

Muitos pais continuam, porém, reticentes quando têm de dar medicamentos aos filhos, sobretudo corticóides….

Tem de haver uma relação de confiança entre os pais e o médico. Quando existe indicação clínica, é preferível usar corticóides inalados, que têm uma aplicação tópica em doses muito baixas, do que ter necessidade de recorrer com frequência aos corticóides orais ou endovenosos. Por outro lado, a melhoria que se consegue na qualidade de vida do doente ao diminuir a hiperreactividade brônquica causada pela inflamação compensa largamente os raros efeitos secundários, quase sempre de pouca importância. 

“A colaboração dos pais é fundamental” 

É difícil a adesão dos doentes e dos pais ao tratamento?

A colaboração dos pais é fundamental, sobretudo quando os doentes têm menos de 8 anos. A partir daí, as crianças podem desempenhar um papel importante no controlo da sua doença. Se não houver colaboração, é difícil tratá-las eficazmente. Os médicos terão de preocupar-se em ensinar os pais e as próprias crianças e fazer com que adiram. Para além do seu tratamento de fundo, cada criança deverá ter um “plano de acção personalizado” em caso de exacerbação, estabelecido pelo médico com base na gravidade clínica e na experiência de crises anteriores. 

E os adolescentes?

No caso dos adolescentes, é importante ter em conta a sua necessidade de afirmação pessoal e a tendência natural para desafiar a autoridade dos pais, professores, médico, etc. No entanto, é possível estabelecer uma boa relação de confiança, se o médico souber respeitá-los e compreendê-los. Se conseguir essa relação de confiança, o médico poderá ajudá-los a entender que a asma é controlável e que é perfeitamente possível terem uma qualidade de vida igual à dos seus pares. E ser como os outros, na adolescência, significa, por exemplo, praticar desporto. 

Crianças e jovens asmáticos podem e devem praticar desporto 

Qual o papel do desporto na vida do jovem asmático?

As crianças e jovens asmáticos podem e devem praticar desporto. O desporto aumenta a tolerância ao esforço, melhora a auto-estima, a auto-confiança e o bem-estar físico e psicológico. Evita também o “Círculo Vicioso da Inactividade” (as crianças evitam o esforço para evitar os sintomas, o que leva, por sua vez a uma diminuição da tolerância ao esforço).

Há desportos propensos a causar mais sintomas de asma do que outros, como os que obrigam a esforços sustentados e prolongados, sobretudo se forem praticados em meios poluídos ou ao frio. Já a natação, por exemplo, é, em regra, relativamente bem tolerada, embora haja excepções (atenção às piscinas com muito cloro!). Eu acho, no entanto, que se deve deixar o doente escolher, na medida do possível. O importante é que tenha actividade física regular. Corridas de fundo e corta-mato poderão não ser as mais aconselháveis, mas, se a criança ou o jovem gostar e quiser, porquê não?  

Que medidas preconiza para evitar a asma de esforço?

A prevenção da asma de esforço passa antes de mais, por medidas não farmacológicas. Assim:

– A criança ou o jovem não deve exercitar-se quando está com sintomas;

– Deve evitar-se o exercício em locais poluídos, com ar frio ou seco, bem como em locais expostos a alergénios;

– Tem de fazer um bom aquecimento, no início, e um arrefecimento gradual, no final– O doente deve ser ensinado a respirar sempre pelo nariz porque o nariz tem uma função importante de humidificação, aquecimento e filtração do ar inspirado, evitando ou diminuindo a chegada de alergénios ou irritantes ao pulmão;

– Se a criança ou jovem tiver rinite alérgica, esta tem de ser tratada convenientemente É possível e desejável a prevenção farmacológica da asma de esforço, podendo ser necessário, em alguns doentes, combinar vários fármacos, consoante o critério e a experiência do médico assistente. 

As escolas deveriam ter políticas para lidar com a asma 

Que medidas concretas recomenda para as escolas e os clubes desportivos?

Os professores de Educação Física e os treinadores podem e devem desempenhar um papel muito importante na prevenção e no tratamento do doente asmático, mas há muitos que ainda não estão preparados. Há, até, alguns casos, pontuais (felizmente são a excepção), de professores sem a mínima sensibilidade para esta questão que forçam as crianças a trabalho físico desadequado e excessivo para as suas condições e chegam a criticá-las quando usam a medicação.

É essencial que os professores de Educação Física e treinadores desportivos saibam o que é a asma de esforço e compreendam a sua fisiopatologia, devendo ter o cuidado de adaptar os esforços à situação de cada aluno ou atleta.

Cabe-lhes, também, verificar que os asmáticos fazem a sua medicação preventiva e de recurso, quando estiver indicada pelo médico. Em caso de crise, é fundamental que conheçam o plano de acção preconizado para aquele doente, que saibam actuar, designadamente na administração da medicação, que saibam quem chamar e quando chamar.

A criança que tenha tido sintomas no decurso de uma actividade física programada não deverá abandonar o campo de treinos ou o ginásio sozinha.

As escolas deveriam ter políticas para lidar com a asma. Este é um caminho que está por percorrer.Um dos projectos do Departamento de Pediatria da Unidade Local de Saúde de Matosinhos é, precisamente, contactar as escolas para, em conjunto com os médicos de família e com a saúde escolar, proceder a um levantamento dos problemas existentes e encontrar estratégias para lhes fazer frente. 

 

Alergia ao látex e as crianças

O látex é uma substância leitosa produzida pelas árvores-da-borracha, que, depois de processada, é usada numa grande variedade de materiais, desde utensílios médicos a brinquedos.

A frequência com que esta substância é utilizada por diversas indústrias pode levantar problemas à franja da população que desenvolveu alergia à proteína do látex natural.

Embora a prevalência da alergia ao látex não seja tão elevada quanto a registada noutras patologias alérgicas (atinge apenas entre 1 a 5% da população), este problema pode ser igualmente perigoso, na medida em que os sintomas imunológicos podem ir desde dermatites de contacto até graves choques anafilácticos.

A gravidade dos sintomas vai depender, além da sensibilidade do indivíduo, da quantidade de látex à qual o alérgico esteve exposto e à via de exposição, isto é, se o látex for ingerido ou entrar em contacto com as vias respiratórias terá maior impacto do que se o contacto se restringir à pele.

Para um adulto, a evicção de látex natural pode ser relativamente fácil de implementar. Basta que esteja informado sobre os produtos perigosos e os evite ou substitua por outros de materiais alternativos. No caso das crianças, a responsabilidade recai, naturalmente, na capacidade de vigilância dos pais. Mas nem sempre é fácil exercer um controlo apertado sobre as crianças, sobretudo em alturas festivas, como o Natal. A euforia instala-se e a presença de outros meninos com os quais uma criança alérgica troca brinquedos, por exemplo, compromete as estratégias de evicção alérgica mais apertadas.

Tenha sempre em mente que, se a criança está sensibilizada ao látex, deve evitar sempre o contacto com a borracha natural. O látex está presente nos balões festivos, nas partes de borracha de alguns brinquedos, nas tetinas de biberões e chupetas, nos elásticos de borracha, etc. Relativamente às tetinas e chupetas, pode pedir nas farmácias produtos sintéticos. Mas tenha atenção: não é raro que crianças pequenas troquem chupetas quando estão juntas.

É necessário cuidado nas festas natalícias para evitar que as crianças sensibilizadas entrem em contacto com os balões, colocando-os na boca, ou brinquem com brinquedos com partes de borracha que possam conter látex. Tenha atenção, na compra dos brinquedos, às informações das embalagens. Em caso de ficar com dúvidas, jogue pelo seguro e não compre. Avise também os seus familiares dos cuidados a ter na escolha de brinquedos para os seus filhos, para prevenir qualquer incidente na noite de Natal.

O processo de vulcanização (a cura) da borracha natural que é utilizado muito frequentemente na manufactura de produtos de borracha pode alterar a capacidade do material provocar ou não uma reacção alérgica nas pessoas sensíveis. Isto explica que muitas borrachas mais duras não desencadeiem reacções alérgicas, normalmente. Fale com o seu médico para que lhe dê indicações mais precisas sobre os tipos de borracha que poderão ou não ser tolerados pelo seu filho, tendo em conta o tipo e gravidade da alergia.

Não se esqueça também que existem outras proteínas similares à proteína do látex natural que podem induzir o sistema imunológico a reagir agressivamente. Os frutos tropicais como o abacate, a manga, a papaia, o maracujá, o kiwi, a banana e outros frutos como a castanha têm características bioquímicas similares. Podem surgir reacções alérgicas depois da ingestão destes alimentos, pelo que, deve ser confirmado pela avaliação médica, se esses alimentos devem ser retirados dos menus das crianças.

Aconselhe-se com o seu médico sobre as precauções que deve tomar relativamente à alergia ao látex do seu filho. Faça todas as perguntas para que possa lidar com o problema da forma mais adequada e, quando chegar a idade, comece e ensinar à criança os cuidados que deve ter.

Fontes:
http://www.aaaai.org/ 

 

Conselhos “caseiros” para combater a sinusite

Tem o nariz congestionado, dói-lhe a cabeça, sente uma pressão debaixo dos olhos e o seu sentido de paladar e olfacto estão afectados? Provavelmente, tem sinusite.

A sinusite é um problema decorrente da inflamação das cavidades ósseas que existem no interior da face, em torno do nariz. Numa situação normal, estas cavidades estão vazias, ou melhor, cheias de ar! É preciso distinguir a sinusite aguda que dura até algumas semanas da sinusite crónica. Mas no seguimento de uma constipação ou gripe, estas cavidades podem inflamar, promovendo o desenvolvimento de uma infecção bacteriana.

Outras causas da sinusite, principalmente a sinusite crónica são as alergias (o que torna este problema tão recorrente nos alérgicos e asmáticos), e certos problemas estruturais, tais como o desvio do septo ou a existência de pólipos nasais. Qualquer uma destas situações pode estar na base da sinusite. Mas, em muitos casos, vários factores concorrem para o aparecimento deste problema de saúde, pelo que ultrapassar uma das causas pode não ser suficiente para resolver o problema.

O ideal, sobretudo se sofre sintomas de sinusite severos ou com uma frequência ou duração elevadas, é falar com um médico. É que se esta doença, não for devidamente tratada, pode persistir com diferentes graus de gravidade durante meses ou mesmo anos!Se o médico confirmar o diagnóstico, vai receitar-lhe o(s) tratamento(s) adequado(s) ao seu tipo de sinusite e respectiva gravidade.

Mas para além dos fármacos aconselhados pelo especialista (que deve seguir segundo as recomendações) pode fazer uso de alguns conselhos “caseiros” para aliviar os sintomas e sentir-se melhor.

Em primeiro lugar, deve saber que, quando está com sintomas de sinusite, as cavidades por detrás do nariz estão inflamadas e, frequentemente infectadas por bactérias. Tem de ajudar o seu nariz, que provavelmente está muito congestionado, a drenar as cavidades, limpando-as. Depois, verá que as fossas nasais vão regressar à normalidade e a restante sintomatologia vai desaparecer.

Esta relação entre a inflamação do nariz e dos seios perinasais é tão próxima que, actualmente, os especialistas falam sempre em rinossinusite, pois não há sinusite sem rinite.

Para facilitar a drenagem, pode:

·         Aspirar água salgada (atenção às concentrações elevadas!) ou usar soluções salinas para desobstruir o nariz;

·         Beber muitos líquidos para diluir as secreções;

·         Respirar ar quente e húmido: encha o lavatório de água quente e, cobrindo a cabeça com uma tolha, respire o vapor durante alguns minutos (não utilize aromas de eucalipto pois, apesar do alívio inicial, são irritantes);

·         Evitar expor-se ao ar frio e seco dos dias de Inverno quando estiver pior;

·         Colocar compressas aquecidas por baixo dos olhos e em torno do nariz;

·         Evitar as bebidas alcoólicas (o álcool piora a inflamação);

·         Evitar ambientes poluídos com fumo de tabaco, que irritam as vias respiratórias. 

Fontes:

Mayo Clinic Women’s Health Source

http://www.aaaai.org/ 

 

Acção dos probióticos na infância pouco clara

 Um estudo recentemente publicado na revista Allergy demonstrou que a ingestão de Lactobacillus acidophilus – um probiótico ou bactéria “boa” – nos primeiros seis meses de vida não protege as crianças do desenvolvimento de alergias ou asma na primeira infância.

Os probióticos têm sido alvo de estudo, uma vez que se pensa que poderão ajudar a prevenir e tratar doenças alérgicas. De acordo com a hipótese higiénica, o aumento das doenças alérgicas no mundo desenvolvido pode estar relacionado com o facto de as crianças crescerem em ambientes excessivamente limpos. A exposição das crianças a bactérias boas é uma hipótese que está a ser explorada.

No entanto, no que concerne à Lactobacillus acidophilus, os investigadores da University of Western Australia, em Perth, notam que, 2 anos e meio após o período de administração do probiótico, o risco de a criança ter uma doença alérgica não baixou.

Todavia, durante os 18 meses de follow-up, registaram-se menos episódios de infecções gastrointestinais do que as ocorridos no grupo de controlo. Mas os autores são prudentes na leitura deste resultado, uma vez que o estudo não foi desenhado com o fim de avaliar este tipo de patologia.

Embora o probiótico estudado não tenha resultado como forma de prevenir as doenças alérgicas, o uso de probióticos não é colocado de lado. Outras estirpes devem ser estudadas. 

Fontes:

http://www3.interscience.wiley.com/journal/121448113/abstract

Características genéticas implicadas no início precoce da asma

O risco aumentado de asma devido a alterações no cromossoma 17q21 existe apenas na asma de início precoce, sendo que esse risco é maior quando há exposição ambiental ao fumo do tabaco.

Um artigo publicado recentemente no New England Journal of Medicine revela que 11 dos 36 polimorfismos testados em 1511 indivíduos estavam significativamente associados à asma e três estavam fortemente associados. Esta associação só se registou, porém, no caso da asma de início precoce, isto é, aos quatro anos de idade ou mesmo mais cedo. O risco era maior quando as crianças haviam sido expostas ao tabaco.

Segundo os autores, estas descobertas providenciam um melhor conhecimento do papel funcional das alterações genéticas estudadas, bem como do tabaco, na fisiopatologia da asma.  

Fontes:

http://content.nejm.org/cgi/content/short/359/19/1985?rss=1&query=current

Leptina relacionada com sensibilização

As adipocinas podem ser um mecanismo comum no desenvolvimento da obesidade e da sensibilização alérgica.

Sabe-se que existe uma associação entre obesidade e alergia. Partindo desta premissa, um novo estudo procurou perceber qual a consequência do aumento dos níveis de adipocina no sangue.

Para tanto, os cientistas analisaram os níveis de leptina e adiponectina em 231 adultos, com idades compreendidas entre os 18 e os 45 anos de idade. Os resultados, agora publicados no Allergy, mostram que os níveis de leptina estavam positivamente relacionados com a prevalência de sensibilização, sobretudo nos indivíduos que tinham contacto com o campo. No caso da adiponectina, verificou-se uma relação inversa com a sensibilização, embora não estatisticamente significativa.

Fontes:

http://www3.interscience.wiley.com/journal/121448121/abstract

 

 

Vacinas no 1º ano de vida não aumentam risco de alergia

A imunização com vacinas antes do primeiro ano de vida em crianças com alto risco de atopia não está associada a um risco aumentado de eczema ou de sensibilização alérgica, garante um estudo agora publicado no Allergy.

Os investigadores analisaram um total de 2184 crianças entre 1 e 2 anos de idade, com dermatite atópica estabelecida e história familiar de alergia, provenientes de 97 centros de 10 países europeus, da África do Sul e da Austrália. A exposição às vacinas comuns na infância, tais como as vacinas contra a difteria, o tétano, a poliomielite, o Haemophilus influenzae Tipo B, a hepatite B, a rubéola, a varicela, os meningococos e os pneumococos, não tinha qualquer relação com o risco de alergia ou de sensibilização a alergéneos inalados ou alimentares. A vacina contra a varicela estava, inclusivamente, relacionada inversamente com os valores de IgE total e a gravidade do eczema.  

Fontes:

http://www3.interscience.wiley.com/journal/121448120/abstract