O fogo pode ameaçar a sua saúde respiratória

O fogo não destrói apenas a floresta. Também pode destruir a sua saúde. Em particular os seus pulmões. 

Quando as temperaturas sobem, os incêndios florestais empestam o ar com fumo e cinzas, tornando-o praticamente irrespirável.

Para quem vive com árvores à volta, o sobressalto é constante. Quando o termómetro ultrapassa os 30 graus Celsius, o olhar percorre as matas, à cata de um sinal de alarme. Na maior parte das vezes, não é nada. Mas uma vez por outra, a coluna de fumo não engana. ~

“Há algumas horas, vi um homem suspeito a andar por ali. Chegou numa motorizada e andou ali algum tempo. Não sei o que andava a fazer”, conta uma habitante de uma zona afectada.

Há três anos, um incêndio que deflagrou nesta mesma zona terá tido origem criminosa. Os culpados nunca foram apanhados. Mas esses são outros quinhentos.

Ouve-se o som estridente do carro dos bombeiros. Mesmo longe dos terrenos onde lavra, apesar do combate sem quartel dos soldados da paz, o fogo estende as suas garras malfazejas a gente saudável e mais ou menos doente, sem distinção. Dentro de suas próprias casas, novos e velhos não escapam. O ar tresanda, subitamente contaminado. O cheiro invade os lares, esgueirando-se por entre as frestas. Nada parece a salvo.  

Fogo: um mau prenúncio

Para um asmático 

Para o Sr. Alberto, que sofre de asma desde os cinco anos de idade, este incêndio ganha outros contornos. Está preocupado com as matas, com certeza, mas, neste preciso momento, é a sua saúde que mais o preocupa.

Em 38 anos de vida, não é a primeira vez que se depara com um cenário destes. Morando numa aldeia cercada de floresta por todos os lados (como uma ilha está cercada de água por todos os lados), sabe que o fumo não é bom prenúncio para um asmático.

“Quando era novo”, conta, “tive uma crise durante um fogo que andou perto dos meus terrenos. Foi horrível”.

Na altura, não foi o único a ter problemas. Dois bombeiros acabaram no hospital com falta de ar. Não sabe se por coincidência ou não, mas ambos sofrem, agora, de doenças respiratórias. Um tem asma e outro tem doença pulmonar obstrutiva crónica. Mas é claro que, sendo ex-fumadores, não será fácil determinar a origem das suas maleitas.

No seu caso, a asma surgiu na infância e tem-no acompanhado fielmente. Até de mais. Embora viva no campo, longe da poluição infecta das grandes urbes, o que dizem ser um factor protector, não escapou à sina, como costuma dizer.

Destino ou não, quis um novo incêndio pô-lo novamente a contas com a sua asma, que parecia adormecida mercê dos medicamentos que lhe receitara “o senhor doutor”. Mas, desta feita, sabia exactamente o que tinha de fazer. Não queria voltar a visitar o serviço de urgência tão cedo. Além do mais, ficava tão longe que não dava jeito nenhum… 

Procurando manter-se calmo, fechou portas e janelas. Da outra vez que um incêndio visitou o lugarejo, tinha as janelas abertas e o fumo parecia entranhar-se nas paredes. O Sr. Alberto garante que, dias depois de findo, o cheiro permanecia, como se tivesse chegado para ficar. Hoje, sabe que fez mal em manter tudo aberto.

Procurando manter-se calmo, fechou portas e janelas com cuidado. Tinha comprado um ar condicionado depois do malogrado episódio e não hesitou em ligá-lo, optando por fazer recircular o ar. Foi ver quantas garrafa de água tinha na despensa. Uns cinco litros. A medicação estava ali à mão, se sentisse necessidade de a utilizar.

Telefonou ao irmão, que morava ali ao lado, e aconselhou-o a levar para ali o sobrinho, com apenas dois anos e asmático, e o pai, com 80, doente cardíaco. Pensou que seria mais seguro para eles. No entanto, face ao fumo que grassava lá fora, aconselhou-os a taparem bem o nariz e a boca com um pano molhado.

“Não, não, as máscaras para o pó não servem, deixam passar o fumo na mesma. Ah! E traz a medicação do bebé!”, alertou.

Os bombeiros levaram mais de três horas a combater o fogo. Por vezes, parecia fora de controlo, mas, finalmente, foi circunscrito. Seguir-se-ia o habitual rescaldo. Quanto à família do Sr. Alberto, estava segura. Graças às medidas de precaução que tomou a tempo e horas, o fumo não lhe invadiu a moradia, como da outra vez. Sentia-se bem e não havia sido sequer necessário recorrer aos fármacos.

Outros não tiveram a mesma sorte. Ali perto, um morador mais afoito, que resolveu regar tudo à sua volta, não fosse o fogo visitá-lo, começou a queixar-se cada vez mais de falta de ar, dor no peito, dor de cabeça e até tonturas. Tossia de forma persistente, o que assustou a mulher. Com o incêndio praticamente apagado e o fumo a dissipar-se, pegou no telefone e ligou ao Sr. Alberto.

“Estou! Vizinho? O meu marido não está muito bem. Acho melhor ir com ele para o hospital!”

Solícito, o herói desta história lá pegou no carro, foi buscar o vizinho e rumou ao hospital, a alguns quilómetros de distância. Felizmente, não tinha problema algum, mas não se safou de fazer a viagem. O vizinho já está em casa e goza de boa saúde. Foi só o susto, mas serviu para aprender a lição.   

Há um incêndio na sua área?

O que fazer?

Como se proteger? 

– Permaneça em casa. Mantenha as janelas, as portas e tampas das lareiras fechadas, especialmente se lhe cheirar a fumo ou sentir os olhos e a garganta irritada. 

– Se tem sistemas de purificação de ar, deve utilizá-los. Se tem ar condicionado, deve colocar a opção de recirculação de ar, tendo o cuidado de verificar se os filtros estão limpos.

– Se a temperatura está muito elevada dentro de casa ou não tem ar condicionado, recomenda-se que procure outro abrigo. 

– Não deixe as crianças a brincar na rua e não pratique desporto ao ar livre. 

– Tenha em atenção as crianças com menos de três anos de idade. Como a sua respiração é mais rápida, trocam duas vezes mais volume de ar do que os adultos. 

– Se estiver no carro e tiver de atravessar uma zona com muito fumo, ligue o ar condicionado na opção de recirculação interna. 

– Se precisar de ir para uma zona com fumo, coloque um pano molhado sobre a boca e o nariz, de modo a evitar a inalação de partículas. 

– Se permanecer em casa, não fume, não acenda velas, nem qualquer outro aparelho que funcione a gás ou a lenha, de modo a manter o nível de oxigénio dentro de casa o mais elevado possível. 

– Perante uma atmosfera com fumo, respire devagar, descontraia-se e não entre em pânico. 

– Se for doente respiratório ou cardíaco, tenha à mão a medicação de socorro. 

– Se tiver ou mantiver as queixas (tosse intensa, falta de ar, peso no peito, tonturas e dores de cabeça), deve recorrer ao médico ou ao serviço de urgência mais próximo.   

Fonte: Direcção-Geral da Saúde/ Ministério da Saúde


PAPA Férias

PAPA Férias 

Condições de inscrição:

  • Crianças dos 8 aos 12 anos em tratamento actual por asma (cada criança com asma poderá inscrever também um amigo ou familiar sem asma).
    • Sócios APA: 40€ (inclui inscrição, alimentação e seguro).
    • Não Sócios: 55€ (inclui ainda a joia e a primeira anuidade de sócio da APA).

As crianças serão recebidas após as 8h45m no complexo de Ténis da Maia ou, em alternativa das 8h45 até às 8h55m, na paragem de Metro “Fórum da Maia” onde estará uma camioneta da C.M da Maia para transportar os participantes que pretendam para o complexo de Ténis da Maia.

Da mesma forma às 17 h partirá uma camioneta do Complexo de ténis da Maia para a mesma paragem de metro de forma a transportas as crianças que assim o pretendam para o Metro, onde deverá estar o encarregado de educação para receber a criança (das 17h05m às 17h20m).

Na 6ª feira dia 5 de Setembro, o dia será passado no Parque de Avioso, pelo que as crianças terão que trazer de casa lanche e comida para fazer um piquenique.

As actividades incluem:

Jogos de equipa (futebol, andebal,…), natação, ginástica, atletismo, Hip hop, Wii (jogos de consola com movimento)

Durante a semana serão realizados testes médicos simples (habituais para a monitorização da asma) como a medição da função respiratória e da inflmação bronquica.

Pode fazer uma pré-inscrição clicando em Pré-inscrição ou enviando um email ( informa@apa.org.pt ) com os seguintes dados:

  • Nome do participante:
  • Data de nascimento:
  • Morada:
  • Telefone:
  • Telemóvel do encarregado de educação:
  • E-mail do encarregado de educação:
  • Nome completo do Encarregado de educação:
  • Indicação se é sócio da APA ou não

Organização e Apoios:

Câmara Municipal da Maia

Fundação Vitor Baia 99

MEDIDA – Serv. em Medicina, Educação, I&D e Avaliação, Lda

CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Sistemas de Informação em Saúde

BeBranded

BPI


Gravidez – Cuidados especiais

Se é asmática e está grávida, vai ter de prestar mais atenção à sua doença. Para que a sua gravidez seja saudável (e o seu bebé também) tem de manter a sua asma o mais controlada possível. Assim, se já segue um plano de manutenção da asma, alerte o seu especialista para a sua gravidez, já que ele poderá querer fazer alguns ajustes ao plano. No caso de não seguir um plano de manutenção da doença, esta é a altura ideal para o começar a fazer. 

As recomendações para o controlo da asma nas grávidas quase não diferem das recomendações para a população asmática em geral, mas é necessário haver uma vigilância mais regular, tanto por parte da asmática como por parte do médico. 

Que cuidados deve ter durante a gravidez:

·         Deixe de fumar;

·         Assegure um controlo óptimo da asma durante a gravidez, através de um cumprimento rigoroso do plano terapêutico;

·         Trate as crises asmáticas de forma agressiva. Tenha sempre consigo medicação de alívio da asma. Se não sentir alívio imediato, recorra a serviços de urgência;

·         Verifique as necessidades de medicação e a resposta à terapia mais regularmente. Poderá ter um debitómetro (aparelho que mede uma parte da função respiratória) em casa para verificar se tem um fluxo respiratório dentro dos padrões normais ou se está a piorar;

·         Trate a rinite, refluxo gástrico e outras doenças relacionadas com a asma;

·         Não tome a vacina contra a gripe nas primeiras 12 semanas de gravidez;

·         Adopte medidas de evicção alérgica rigorosas (ouvir http://www.apa.org.pt/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=30&Itemid=163);

·         Não inicie tratamentos com vacinas anti-alérgicas após ter conhecimento da gravidez. No caso de já estar em tratamento quando engravida, a vacinação pode ser continuada;

·         Mantenha um registo da evolução do estado da sua asma (leia os benefícios da auto-gestão guiada da asma em http://www.apa.org.pt//index.php?option=com_content&task=view&id=140&Itemid=158) para que possa dar conhecimento ao seu médico da evolução da sua doença de forma mais pormenorizada. 

O parto e a amamentação

Aproximando-se o fim dos 9 meses de gestação, os medos das grávidas centram-se na hora do parto. Para além dos receios habituais, as grávidas asmáticas preocupam-se ainda com as consequências que a asma pode ter no parto e no pós-parto. 

Quão comum é o aparecimento de uma crise durante o parto?

É pouco comum. Embora seja um medo transversal à maioria das asmáticas grávidas, as crises ocorrem apenas entre 10 a 20% dos casos. Estas crises surgem habitualmente quando a asma não estava bem controlada – lembre-se que a probabilidade de ter uma crise é maior se a sua asma não estava bem durante os meses anteriores ao parto. No entanto, as crises, quando surgem, são habitualmente pouco graves e respondem muito bem à medicação. 

Se tiver uma crise durante o parto, o que acontece?

Os profissionais de saúde vão medicá-la de forma adequada, habitualmente com nebulizações e por vezes com medicação administrada nas veias;

Vão hidratá-la através da colocação de fluido intravenoso;

Vão avaliar a sua função pulmonar e a saturação de oxigénio;

Vão administrar-lhe uma epidural para que as dores sejam reduzidas, o que vai evitar os broncoespamos e reduzir o consumo de oxigénio;

Vão monitorizá-la a si e à criança até o estado de ambos estar normalizado. 

Como é que a asma vai afectar o pós-parto?

O estado da asma altera-se em cerca de 66% das gravidezes (em 33% dos casos evolui negativamente e nos outros 33% evolui favoravelmente). Finda a gravidez, o mais provável é que volte ao seu estado normal dentro de três meses após o parto, por isso, esteja preparada. Mantenha-se atenta às alterações e informe o seu médico, para que ele reajuste novamente o plano terapêutico. Algumas mulheres referem que, após a gravidez e o parto, a sua asma se modificou muito (algumas afirmam até que a asma começou após o parto). No entanto, não existem dados suficientes para afirmar com segurança que a asma piora ou melhora de forma sustentada, após o parto. 

Devo tomar a medicação enquanto amamento/Devo amamentar enquanto tomo a medicação?

Sim, deve tomar a medicação para a asma e deve amamentar. O uso da maioria dos medicamentos para a asma é considerado seguro durante a amamentação. Nas doses habituais, os fármacos administrados por via inalatória não passam em quantidades suficientes para o leite materno para terem efeito negativo sobre o bebé. A medicação oral deve ser supervisionada pelo médico, embora não seja contra-indicada se for necessária. As mães asmáticas não devem abdicar de amamentar os seus filhos, já que se pensa que o leite materno oferece protecção à criança contra o desenvolvimento de alergias e asma, para além de muitos outros benefícios conhecidos. 

 

 

Será que os medicamentos para a asma são perigosos para o meu filho? Não irão fazer-lhe mal?

Para alguns pais, os medicamentos são uma verdadeira dor de cabeça. Sentem-se tão preocupados com os efeitos adversos, que frequentemente se esquecem do que realmente interessa.

Desde que tomados adequadamente, os fármacos são preciosos aliados na luta contra a asma. Não podem nem devem ser vistos como inimigos. Quando as crianças cumprem o plano traçado pelo médico, a doença é controlada facilmente, evitando-se crises desnecessárias e visitas frequentes ao serviço de urgência.

Por muito que o médico explique que os fármacos são seguros, porém, há muitos pais que não acreditam. Questionam-se indefinidamente sobre os efeitos secundários, pintam cenários tenebrosos, assustam as crianças, não cumprem a terapêutica.

Assim, os medos dos pais, ainda que completamente infundados, acabam por se repercutir negativamente, por vezes mesmo de um modo dramático, na saúde das suas crianças. Tanto querem protegê-las que, por desconhecimento ou excesso de zelo, acabam por prejudicá-las. Os próprios pais acabam por sofrer na pele. Afinal, quem gosta de ver um filho a sofrer?

Por isso, analise bem a situação e pense se não estará a preocupar-se sem motivo. Os pais têm, sempre e em qualquer circunstância, um papel decisivo na vida dos filhos. Quando estes são asmáticos, porém, os pais têm uma responsabilidade acrescida. Como as crianças não têm idade para perceber que têm mesmo de tomar os medicamentos, cabe aos pais explicar-lhes as razões e ajudá-las, diariamente, desdramatizando a situação.

Mas para poderem ajudar os filhos, os pais têm de estar devidamente informados e motivados.  Se acha que não tem informação suficiente e que ainda não compreendeu a necessidade dos medicamentos, o melhor é conversar novamente com o médico e colocar-lhe todas as questões que tem em mente. Exponha os seus receios. Se, ainda assim, não se sentir totalmente confiante, pode ponderar a hipótese de se juntar a um grupo ou uma associação de doentes com asma. É importante que faça tudo o que está ao seu alcance. Lembre-se: se não conseguir ajudar o seu filho, quem conseguirá?

 

Asmáticos usam muitos medicamentos psicotrópicos

Cerca de 25% dos doentes com asma tomaram ansiolíticos nos últimos 12 meses, 13,7% tomaram antidepressivos e 13% tomaram substâncias hipnóticas. Estes números fazem parte de um estudo que analisou 886 doentes em diversas regiões francesas. Os resultados foram publicados em Março, no Annals of Allergy, Asthma and Immunology.

De acordo com os investigadores, o elevado uso de ansiolíticos, antidepressivos e hipnóticos estava associado a um decréscimo do controlo da asma. Até à data, o uso de psicotrópicos por parte de doentes com asma não havia sido muito explorado. Com este estudo, parece ficar claro que existe, efectivamente, uma associação entre uma coisa e outra. Mas o que mais preocupa os autores é o recurso a estes fármacos nos doentes com a asma mal controlada.

Fontes:
http://bial.memoriavisual.net

 

Vacina contra a tuberculose não parece ter qualquer relação com a asma

Não há qualquer relação entre história de tuberculose, resposta à tuberculina e desenvolvimento de asma brônquica, rinite alérgica e atopia na idade adulta, revela um estudo publicado no Chest.

Nas mais duas centenas de doentes com asma moderada ou grave e nos 220 voluntários normais que participaram neste estudo, não houve uma associação significativa entre a resposta à prova tuberculínica e os valores séricos de IgE, anticorpos que produzem reacções alérgicas imediatas.

Segundo os investigadores, a protecção providenciada pela vacina contra a tuberculose (BCG) na prevenção das doenças atópicas pode limitar-se às idades mais precoces, quando existe ainda uma memória considerável da modulação da resposta imunitária das células.

Fontes:

http://www.chestjournal.org/

 

Crianças alérgicas ao leite podem tornar-se mais tolerantes a este alergéneo

Um estudo da Universidade de Trieste (Itália) indica que as crianças com alergia severa ao leite podem ser “desensibilizadas”, tornando-se menos susceptíveis a este alergéneo. A diminuição da sensibilidade à proteína do leite tem um efeito directo na segurança da criança, pois diminui o risco de haver uma reacção anafiláctica grave.

Os investigadores estudaram 60 crianças que apresentavam extrema sensibilidade à proteína do leite. 30 foram submetidas a este método para reduzir a sensibilidade ao alergéneo e 30 foram sujeitas a uma dieta livre de proteínas de leite durante um ano.

Os resultados demonstram que, ao fim de um ano, 54% das crianças submetidas ao método de “dessensibilização” tornaram-se mais tolerantes, podendo ingerir pequenas quantidades de leite.

Fontes:

http://www.jacionline.org/article/S0091-6749(07)02000-3/abstract

Recém-nascidos com excesso de peso têm maior probabilidade de se tornarem asmáticos

De acordo com um estudo prospectivo levado a cabo na Finlândia, as crianças que nascem com um peso elevado têm um risco maior de se tornarem atópicas e, consequentemente, asmáticas.

A investigação analisou uma amostra de quase 10 mil participantes que foram seguidos desde o nascimento até completar 16 anos de idade.

Embora não se conheçam os mecanismos biológicos que estão por detrás desta associação, os autores do estudo lembram que existe uma relação entre a obesidade e esta patologia.

 

Fontes:

http://www.blackwell-synergy.com/doi/abs/10.1111/j.1399-3038.2007.00707.x

 

Meninos com eczema têm mais asma

Os meninos que têm eczema nos primeiros dois anos de vida correm um risco acrescido de sofrerem de asma. No entanto, em relação ao sexo feminino, não há evidência suficiente que permita estabelecer essa relação entre eczema, uma doença que afecta a pele, e a asma, que é uma doença respiratória.

A conclusão é de um estudo disponível na edição on line do Journal of Allergy and Clinical Immunology (JACI). Os autores do estudo analisaram um total de 620 crianças com história familiar de doença alérgica, tendo ficado com os dados completos de 403. No sexo masculino, o eczema, quando surgia nos primeiros dois anos de vida, estava claramente associado a um incremento de asma.

Se esta relação for causal, a prevenção do eczema poderá reduzir a incidência de asma infantil em cerca de 28%, concluem. A hipótese de chamada “marcha atópica” continua, porém, a ser polémica.

Fontes:

http://www.jacionline.org/article/S0091-6749(08)00234-0/abstract

Estudo confirma que grande maioria das casas portuguesas tem ácaros

Tem falta de ar? Sofre crises frequentes de asma? Sente irritação nos olhos, no nariz ou na garganta? O culpado pode estar dentro da sua própria casa. Nesta luta sem tréguas, primeiro há que identificar o inimigo e depois combatê-lo.  

Pensa-se que uma em cada 3 pessoas sofre de alguma forma de doença alérgica, como é o caso da asma. Em 60% dos casos, os ácaros são considerados responsáveis. Foi a pensar nisso que o Dr. Pedro Lopes da Mata avançou com um estudo sobre a qualidade do ar que respiramos dentro das nossas casas.

Os resultados são bastante esclarecedores: num universo de 715 casas portuguesas analisadas, cerca de 85% dos quartos e 91% das salas apresentam quantidades moderadas de ácaros do pó doméstico.

O que mais surpreende o imunoalergologista é a elevada quantidade de ácaros registada fora dos quartos dos doentes alérgicos, designadamente nas salas. “Os valores encontrados eram, muitas vezes, superiores aos encontrados nos quartos, que são normalmente considerados como o “nicho” mais rico nestes alergéneos”, indica.

De acordo com este estudo, apresentado pela empresa Health and House Quality (H2Q), no âmbito das VII Jornadas de Alergologia de Lisboa, há diferenças substanciais, quer no que respeita à quantidade, quer ao tipo de alergénios, consoante a região do país onde nos encontramos. Assim, os ácaros estão presentes em maior quantidade nas casas dos lisboetas, quando se compara com outras regiões do país.

Do mesmo modo, o tipo de fungos detectados varia. Em Lisboa, destacam-se os Aspergillus e os Penicillium; já na Guarda, predominam os Cladosporium, Acremonium e Ulocladium. Por vezes, estes fungos são causa de patologias alérgicas e infecciosas.

Microclimas favorecem propagação de ácaros e fungos

Mas quais são, afinal, os principais erros cometidos dentro dos lares portugueses e que explicarão os elevados níveis de ácaros no ar interior?

Segundo o Dr. Pedro Lopes da Mata, estes erros “relacionam-se com todas as actividades, algumas normais e outras desnecessárias, que induzem determinados microclimas dentro de nossas casas, os quais serão responsáveis pelo desenvolvimento dos ácaros e pelo aparecimento de sintomas para os que são alérgicos a estes aracnídeos”.

De que forma isso acontece? O imunoalergologista explica: “Esses microclimas induziriam o aumento da humidade relativa e o consequente benefício para que os ácaros e os fungos se desenvolvam”. Por outro lado, afirma, “a maneira como adaptamos a casa às nossas personalidades não tem em conta a qualidade do ar, até porque passamos 80% do nosso tempo em ambientes interiores e a respirar o ar que aí existe”.

De facto, além de se deverem à criação de microclimas interiores, mais húmidos, que favorecem o crescimento dessas colónias de agentes, muitas alergias são provocadas ou desencadeadas pela falta de ventilação e pelo excesso de mobiliário, que dificulta as limpezas e ajuda a que o pó se acumule.

“As questões arquitecturais são também muito importantes. Desde o desenho de uma casa até à sua construção, estes problemas deveriam estar presentes junto dos responsáveis que colocam casas de banho sem janelas e sem ventilação, sendo que o mesmo se passa com as cozinhas, ou seja, precisamente os locais onde se produz mais vapor de água”, acrescenta.

Os animais domésticos também têm culpas no cartório: “É um fenómeno cultural e de evolução de uma cultura ocidentalizada, já que as alergias ao gato e ao cão eram pouco frequentes nos anos 50. Só muito mais tarde o cão e o gato foram penetrando nas nossas casas e nalguns casos nos nossos quartos, daí resultando uma maior proximidade e aumento da concentração destes alergéneos e respectivo poder de provocar alergias”.

Já os produtos de limpeza (biocidas ou peritrinoides) “normalmente não são indutores de reacções alérgicas, mas sim de reacções tóxicas. Essas moléculas são cáusticas e irritantes da pele e das mucosas. Quando inaladas, podem causar asma ou doença respiratória semelhante. No nosso estudo, apenas fizemos a avaliação em 20 casas, uma vez que exige uma metodologia muito difícil de executar, para além de muito dispendiosa. Em quatro casas, entre as 20 analisadas, encontrámos níveis elevados de biocidas e peritrinoides”, afirmou o Dr. Pedro da Mata.  

“Todos deveriam conhecer a verdadeira dimensão do problema”

Para o Dr. Pedro Lopes da Mata, a eliminação dos elementos ambientais causadores de doenças alérgicas, como a asma, é “uma forma de tratamento essencial”, embora esteja “normalmente esquecida”, conforme lamenta.

“Para se atingir o controlo da doença alérgica são necessárias várias medidas, entre elas esta forma de tratamento a que os doentes não estão habituados”, diz.

Assim, em primeiro lugar, “todos deveriam conhecer a verdadeira dimensão do problema, assim como o conjunto de fenómenos que levaram a uma diminuição da qualidade do ar dentro de nossas casas”.

De acordo com o mesmo, “no pós-guerra, houve necessidade de alojar muita população que tinha perdido as suas casas. A construção multiplicou-se, apenas se dando importância à rapidez e ao preço de construção. Nos anos 70, com a crise de energia e a subida dos preços dos combustíveis, isolaram as casas para evitar a perda de calor e a consequente necessidade de gastar mais energia. Surgiram, então, novos processos de construção, que levaram à criação de espaços interiores quase estanques para não se perder o calor e consequentemente as taxas de ventilação e renovação do ar eram insuficientes. Aos inúmeros erros cometidos, associou-se um novo estilo de vida virada para o viver dentro de casa”.

Estes factores foram responsáveis pela alteração do clima interior e pela consequente proliferação dos alergéneos, assim como de outros poluentes dentro desses espaços, pois, para além dos verdadeiros alergéneos, existem poluentes no interior de nossas casas que constituem uma ameaça para todas que nela habitam e muito mais para os alérgicos, em consequência da hiperreactividade que lhes é característica. Esses poluentes podem estar representados em concentrações 10 vezes superiores às encontradas no exterior.

Entre as medidas propostas pelo imunoalergologista e adoptadas pela maioria dos indivíduos contactados durante este estudo estão o arejamento nos horários apropriados, a lavagem de roupas a 60º, a utilização de capas anti-ácaros nos colchões, o controlo do nível de humidade através da aplicação de medidas de arejamento e aquecimento (recurso à utilização de termohigrómetros), a manutenção ou arrumação de peluches, a limpeza frequente e adequada de tapetes e sofás e ainda a utilização de aspiradores com filtros HEPA.

Mesmo quando nos sentimos bem, não podemos esquecer a importância de respirar um ar saudável. “Se pensarmos que a qualidade do ar é uma determinante essencial da saúde em geral e da respiratória e cardiovascular em particular e que a esperança de vida está estreitamente relacionada com as (boas) funções cardiovasculares e respiratórias, percebe-se as preocupações que deveríamos ter para uma melhoria da qualidade do ar interior e da monitorização dessa qualidade”, conclui o especialista.