Contra a gripe, vacinar, vacinar!

Os doentes asmáticos devem tomar a vacina contra a gripe, uma vez que constituem um dos grupos de risco para a gripe e as complicações associadas.

A gripe é uma doença infecciosa aguda das vias respiratórias causada pelo vírus Influenza, um vírus descoberto em 1933. O vírus é transmitido através de partículas de saliva de uma pessoa infectada, expelidas sobretudo através da tosse e dos espirros, mas também por contacto directo, por exemplo, através das mãos.

Desde que uma pessoa é infectada até que aparecem os primeiros sintomas podem decorrer entre um a cinco dias. O contágio a outras pessoas pode dar-se dias antes do início dos sintomas e até sete dias depois.

A gripe manifesta-se por início súbito de febre alta, calafrios, dores de cabeça, dor de garganta, dores musculares e articulares, tosse seca, congestão nasal e mal-estar geral. Para além destes sintomas, as crianças ainda podem experimentar náuseas, vómitos, diarreia, dores nos ouvidos e prostração.

A sua gravidade depende de muitos factores, tais como o grau de virulência e a quantidade dos vírus, a idade e o estado de saúde da pessoa infectada.

Felizmente, a gripe pode ser prevenida através de algumas medidas de higiene, como a lavagem periódica das mãos, mas, sobretudo, através da vacinação anual.

Asmáticos entre os grupos prioritários 

De acordo com a Direcção-Geral de Saúde, constituem alvos prioritários para a época gripal 2008/2009: – Pessoas com idade igual ou superior a 65 anos;– Doentes crónicos e imunodeprimidos, com mais de 6 meses de idade;– Profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados (lares de idosos, designadamente). Entre os doentes crónicos a quem se recomenda a vacina estão, precisamente, “os asmáticos sob terapêutica com corticóides inalados ou sistémicos”, tendo em conta que sofrem um “alto risco de desenvolver complicações pós-infecção gripal”.

Por curiosidade, também estão incluídos neste grupo os doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica, diabetes mellitus, imunodepressão, patologias cardiovascular, renal, hepática, neuromuscular ou hematológica, transplantados e crianças e adolescentes sujeitos a terapêutica prolongada com salicilatos.

Constituem contra-indicações antecedentes de uma reacção grave a uma dose anterior da vacina, antecedentes de reacção anafiláctica a qualquer dos componentes da vacina, nomeadamente aos excipientes; e antecedentes de Síndroma de Guillain-Barré nas 6 semanas seguintes a uma dose anterior da vacina.

Embora não seja eficaz a 100%, a vacina da gripe reduz drasticamente a possibilidade de contrair a doença. A verdade é que os avisos caem, muitas vezes, em orelhas moucas. Em Portugal, estima-se uma cobertura vacinal contra a gripe da ordem dos 15% da população, o que significa que muitos doentes asmáticos ficam de fora.

Asmáticos correm risco maior de complicações

Os asmáticos correm um risco mais elevado de desenvolver complicações depois de serem infectados pelo vírus, pelo que a sua administração neste grupo de doentes é aconselhada anualmente por especialistas e autoridades de saúde de todo o mundo.

Sem a vacina, as pessoas com asma que contraem o vírus ficam mais vulneráveis às infecções típicas desta época (como as infecções por pneumococos, responsável pela pneumonia), infecções essas que podem ser graves e até mortais.

Por causa da sua doença de base, os asmáticos reagem pior às complicações decorrentes de uma gripe. Os sintomas da asma exacerbam-se e obrigam, frequentemente, a recorrer ao médico ou ao serviço de urgência. Por vezes, têm de ficar internado no hospital.

Para além do sofrimento, os doentes são obrigados a faltar à escola ou ao trabalho, metem baixa, consomem recursos altamente dispendiosos para o Estado e, eles próprios, gastam mais dinheiro a comprar medicamentos. Feitas as contas, uma ameaça que poderia ser facilmente resolvida com uma simples picada acaba por sair cara ao doente incauto e a todos nós que pagamos impostos.

Não espalhe! 

E não são só os asmáticos que correm riscos ao não se vacinarem. Se “apanharem” a gripe, irão certamente espalhá-la por familiares, amigos ou mesmo desconhecidos, sobretudo numa fase inicial da doença, fazendo com que outros adoeçam. Quer ficar com esse peso na consciência?

Dirá: os outros que tomem a vacina! Pois, era bom que assim fosse. O problema é que as vacinas produzidas anualmente não chegam para todos. A quota de vacinas atribuída a cada país é limitada, pelo que são estabelecidas prioridades. Na corrida às vacinas, os asmáticos estão à frente da fila. A população em geral fica lá para trás. Mesmo que uma pessoa saudável queira vacinar-se contra a gripe, os médicos têm instruções muito específicas da tutela para não passarem a receita, sob pena de as vacinas não serem suficientes para os ditos grupos de risco.

Acha que ficaria de consciência tranquila sabendo que adoeceu porque desperdiçou a sua oportunidade de se precaver contra a doença, enquanto outros não têm a mesma sorte?

Transforme os seus conhecimentos em melhor saúde. Vacine-se! Se não for por si, faça-o por quem o rodeia! Ah! Os portugueses também agradecem.

Vacina não provoca a gripe

Há várias razões para que as pessoas não se vacinem, mas quase todas desaguam no mesmo: falta de conhecimento.

Desde logo, há quem pense que ficará com gripe se tomar a vacina. É falso! Como explica a Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia, a vacina da gripe é inactivada, isto é, os vírus estão mortos, não podendo provocar infecção. O processo de fabrico da vacina mata os vírus utilizados. Antes de ser comercializada, são realizados testes que comprovam que a vacina é segura.

Todavia, a administração da vacina pode provocar alguns sintomas, incluindo febre, dores musculares, desconforto ou fraqueza. Quando eles ocorrem, geralmente começam logo após a picada e duram pouco tempo, apenas um ou dois dias.

Se assim é, porquê algumas pessoas continuam a adoecer com gripe? A explicação é simples: depois da vacinação, o nosso organismo demora cerca de duas semanas para adquirir protecção contra a gripe. Logo, se a pessoa tiver contacto com o vírus nesse período, pode ficar doente. Para evitar que isso aconteça, a vacina deve ser tomada o mais cedo possível.

As receitas médicas com prescrição exclusiva de vacina contra a gripe, para a época gripal 2008/2009, emitidas a partir de 1 de Setembro de 2008, são válidas até 31 de Dezembro do corrente ano.

Gripe não é igual a constipação

Mas, atenção! Há outros vírus que podem desencadear sintomas semelhantes aos da gripe, o que causa alguma confusão. Deixe que seja o médico a fazer o diagnóstico!

Por exemplo, é muito comum que as pessoas confundam gripe com uma simples constipação. A verdade é que uma coisa não tem nada a ver com a outra. A gripe é provocada pelo vírus Influenza, ao passo que a constipação é provocada por outros vírus, designadamente o rinovírus.

Ao contrário da gripe, os sintomas/sinais da constipação, que surgem gradualmente, são limitados às vias respiratórias superiores: nariz entupido, espirros, olhos húmidos, irritação da garganta e dor de cabeça. Raramente ocorre febre alta ou dores no corpo.

A vacina da gripe protege contra o Influenza e não contra outros vírus. Além disso, só protege contra as estirpes contidas na vacina. Pode acontecer que a pessoa que se vacinou seja infectada por uma estirpe do vírus que não foi incluída na vacina. Ainda assim, espera-se que vacina confira alguma protecção, fazendo com que a gripe seja menos grave do que seria na sua ausência, sobretudo nos grupos de risco.  

O risco de uma nova epidemia

Todos os anos são produzidas novas vacinas. Este ano, a vacina da gripe é composta por uma estirpe viral A (H1N1) idêntica a A/Brisbane/59/2007, uma estirpe viral A (H3N2) idêntica a A/ Brisbane /10/2007, e uma estirpe viral B idêntica a B/Florida/4/2006.

O vírus Influenza apresenta três serotipos diferentes: A, B e C. Só o A e o B têm sido associados a epidemias. O B é quase exclusivamente humano, enquanto o vírus A tem sido isolado também em animais.

As grandes epidemias resultam de alterações importantes da estrutura do vírus, designadamente por recombinação genética entre estirpes humanas e animais, das quais resultam novos subtipos de vírus para os quais a população ainda não tem imunidade/protecção. Daí que o H5N1, que provoca a gripe aviária, seja encarado com grande apreensão.

No século XX, ocorreram três pandemias de gripe: em 1918/19, a chamada gripe espanhola matou 20 a 40 milhões de pessoas; a gripe asiática, em 1957/58, e a gripe de Hong Kong, em 1968/69 fizeram mais de 1,5 milhões de vítimas mortais, tendo os custos económicos directos, a nível mundial, ascendido aos 32 biliões de dólares. Todos os anos teme-se que a estrutura do vírus mude e que uma nova epidemia esteja à porta.

Perante esta ameaça mundial, acautele-se! Vacine-se o quanto antes!