Tenho 65 anos. Será que tenho asma?

Aos 65 anos, comecei a sentir falta de ar, tosse pieira: será que tenho asma?

A asma é uma doença crónica que pode surgir em qualquer idade. Embora exista uma tendência para associar esta patologia à infância, a verdade é que pode aparecer pela primeira vez em pessoas de qualquer faixa etária.

Quando a asma surge pela primeira vez na terceira idade, a sua identificação pode ser difícil, uma vez que, neste ponto da vida, os problemas respiratórios podem ter muitas outras causas, algumas delas até mais prováveis, como certas patologias pulmonares (doença pulmonar obstrutiva crónica) e cardíacas.

Muitas vezes, os idosos e as famílias tendem a desvalorizar a sintomatologia respiratória, considerando-a como própria do envelhecimento.

Só o médico poderá fazer o diagnóstico e perceber se se está ou não perante um caso de asma e, se o diagnóstico de asma for confirmado, será definido um plano terapêutico apropriado e o asmático e a família deverão aprender a viver com a nova condição. Sempre com o objectivo de ter uma vida completamente normal.

Os asmáticos idosos devem guiar-se pelas recomendações gerais estipuladas para a asma. Um dos passos fundamentais para a manutenção e controlo da asma é a evicção quer dos alergéneos, quer dos factores desencadeantes, isto é, dos agentes que podem despoletar uma agudização da asma como os pólens, os ácaros, as partículas libertadas pelos animais (alergéneos) ou o fumo do tabaco, o ar frio, entre outros (partículas desencadeantes).

Mas há algumas particularidades desta população que devem ser levadas em linha de conta pelo médico, pelos familiares e pelo próprio doente: 

Multipatologias

Com o avançar da idade, muitas vezes, acumulam-se os problemas de saúde. Quando a asma é diagnosticada a um idoso, numa grande parte dos casos, ele sabe que tem outras patologias, sejam elas mais ou menos graves. Hipertensão, diabetes, problemas cardíacos… são alguns dos problemas de saúde que afectam frequentemente este segmento da população. 

Polimedicação

Na sequência do acumular dos problemas de saúde, constata-se que o idoso acumula a toma periódica de vários medicamentos. Assim, a existência de várias patologias e a toma de vários medicamentos constituem limitações à definição da estratégia terapêutica por parte do médico, que tem de observar a possibilidade de interacção medicamentosa. Por exemplo, alguns medicamentos para doenças cardíacas podem agravar a asma.

O paciente e a família devem ajudar o médico, informando-o de todos os medicamentos que são habitualmente administrados ao idoso, inclusivamente aqueles que tomam sem indicação médica.

Para além disto, a família deve zelar para que o idoso tome de forma adequada a medicação receitada quer para a asma, quer para outros problemas de saúde, nas horas e quantidades certas, sem esquecimentos. Uma vez que os idosos tendem a esquecer-se ou a confundir medicamentos, é essencial que a família esteja atenta.

Os dispositivos de inalação podem também constituir um obstáculo para um paciente idoso pouco ágil. Devem ser escolhidos inaladores de uso fácil e os familiares deverão aprender a usá-los, quer para se certificarem de que o idoso o usa correctamente, quer para lho administrarem no caso de este não o conseguir fazer sozinho. 

Perda de função respiratória

Os pacientes idosos devem manter-se activos. A inactividade não beneficia o idoso asmático porque acentua a perda da função respiratória. É preciso “treinar” a respiração. O médico responsável poderá até recomendar a realização de programas de fisioterapia para manutenção da função respiratória e fortalecimentos dos músculos da caixa torácica.