Pais devem acautelar-se no regresso às aulas

O regresso às aulas chega numa altura em que se inicia a época das constipações, gripes e infecções respiratórias.

Mais: com a retoma do quotidiano escolar, voltam as grandes aglomerações de crianças nos mesmos espaços e regressa a prática de exercício físico na escola que, embora seja extremamente benéfica para estas crianças, pode exigir alguma atenção especial, sobretudo quando o exercício é praticado ao ar livre com as crianças expostas ao ar frio.

Acresce ainda o stress e a ansiedade que podem pesar sobre a criança nesta altura, com as eventuais mudanças de escola, de turma, de professores, etc.

É um período crítico para as crianças asmáticas e alérgicas. Juntos, todos estes factores tornam mais provável que haja um descontrolo da doença e que retornem os sintomas e até mesmo as crises. Aliás, alguns estudos indicam que é exactamente nesta altura do ano que se registam mais visitas de crianças com asma aos Serviços de Urgências.

Por isso, com o regresso às aulas, os médicos aconselham os pais de crianças com asma a tomarem uma série de medidas que visam acautelar a ocorrência de crises no início deste ano lectivo, o que poderia repercutir-se de modo negativo sobre a assiduidade às aulas e, consequentemente, sobre os resultados escolares.

O aviso é sério. Segundo os especialistas, cerca de 11% das crianças que frequentam a escola sofrem de asma. Nos Estados Unidos, calcula-se que, todos os anos, os estudantes asmáticos faltem 13 milhões de dias às aulas por causa da sua doença. Este será um dos motivos mais frequentes pelos quais os miúdos não vão à escola e, certamente, um dos mais evitáveis.

Posto isto, os médicos apelam aos pais para levarem as crianças a fazerem um check-up à sua saúde respiratória, mesmo se tudo parece correr sobre rodas. Ainda que a asma pareça sob controlo, a consulta será uma excelente oportunidade para reavaliar as medicações e ponderar a realização de medidas para diminuir o risco de infecções que são causas muito frequentes de agravamento da asma nesta altura do ano.

Do mesmo modo, a visita ao médico poderá ajudar a traçar uma estratégia, a montar um plano de acção para o caso de a asma atacar inadvertidamente. Esse plano deve ser escrito de forma rigorosa e detalhada, sem deixar nada de fora. Dele devem constar, como é óbvio, a informação pessoal sobre a criança em causa, mas também os sintomas que ela costuma apresentar, os medicamentos que toma, as limitações fixadas pelo médico e, finalmente, a atitude a tomar no caso de uma crise.

Elaborado o plano, aconselha-se a distribui-lo as pessoas que lidam com a criança no dia-a-dia, desde os professores ao treinador. Nessa altura, os pais poderão aproveitar para conversar um pouco com todos eles, discutindo, inclusivamente, quais os factores desencadeantes da asma, bem como recolher informação sobre a escola, sobretudo se não é a mesma do ano passado.

É, também, fundamental conhecer a disponibilidade dos profissionais que lá trabalham, sensibilizá-los para o assunto e solicitar-lhes ajuda. Afinal, esta deve ser uma tarefa de todos.

Para que estejam descansados enquanto os filhos estão na escola, há mais alguns passos a dar. Confirmar a data de validade dos medicamentos e acautelar as respectivas prescrições são dois deles. Mas de nada servirá fazê-lo se não se assegurarem de que a criança traz sempre consigo o inalador de alívio de sintomas, que é capaz de o utilizar correctamente ou que alguém será capaz de o administrar de forma eficaz, designadamente nos mais novos, quando não conseguem fazê-lo por si sós.

Outra medida é questionar o responsável da escola e os profissionais sobre o historial de crises de asma dentro de muros e o seu desfecho, procurando saber se existem pessoas com treino no socorro a estes casos. Caso o seu filho tenha alergias susceptíveis de lhe causar um choque anafiláctico, certifique-se de que a escola está a par da situação e sabe o que deve fazer em caso de reacções graves (a criança deve ter sempre consigo a placa que o identifica como alérgico e a caneta para auto-administração de adrenalina).

Reveja os planos de evicção alérgica e faça os ajustes necessários. Ensine as crianças a conhecer e evitar os alergéneos que lhes fazem mal. Caso o seu filho tenha alergias alimentares, relembre-lhe que não deve aceitar comida dos colegas e deve informar a escola e discutir os pormenores da alimentação com os responsáveis pelo Refeitório (ou peça ao professor responsável que o faça).

Durante os primeiros tempos de aulas, esteja atenta ao sono do seu filho. Se tosse, chia ou acorda muito frequentemente é porque a doença não está bem controlada.

Finalmente, os pais devem certificar-se de que a escola tem um plano de emergência ou que, pelo menos, tem o seu contacto em caso de necessidade. Depois, certamente que tudo correrá pelo melhor!

Fontes:

http://www.aaaai.org/