Tenho uma prima que mudou para uma quinta há alguns anos e que melhorou muito. Por isso, estou tentada a seguir-lhe as pisadas. Ainda por cima, como vou ter um filho e sei que a asma é genética, tenho de prevenir. Será que faço bem?
Há vários estudos que mostram uma redução do risco de desenvolver asma em homens e mulheres que residem em ambientes rurais, designadamente em quintas. O risco é ainda menor quando crescem nesses meios e aí residem durante largos anos, independentemente do contacto com algumas substâncias que são, reconhecidamente, desencadeadoras da doença, como os pesticidas. Assim, a protecção contra a asma parece estar relacionada com a duração da exposição a este tipo de ambiente dito saudável.
Também está provado que a poluição provocada pelo tráfego automóvel nas grandes cidades, sobretudo nas ruas mais movimentadas, está associada a mais sintomas respiratórios. Estudos recentes indicam que as crianças que residem em localidades com muito trânsito e a pouca distância de uma auto-estrada sofrem na pele (ou melhor, nos pulmões) as consequências.
Independentemente da prevenção, que é sempre um factor-chave, sobretudo quando existe história familiar da doença, é importante sublinhar que os agentes poluentes com que adultos e crianças lidam no seu dia-a-dia agravam substancialmente os sintomas característicos da asma, o que naturalmente terá reflexos a nível da procura dos cuidados de saúde, idas ao serviço de urgência e, eventualmente, internamentos. Já para não falar nas despesas que acarretam as doses crescentes de medicamentos para o alívio das crises, o absentismo escolar e laboral (também no caso dos pais) e a perda de rendimentos do agregado familiar.
Mas há outros factores, para além do meio ambiente, que deve ter em conta antes de decidir ir viver para uma aldeia. Desde logo, tem de ponderar a distância a que ficará de uma unidade que preste cuidados de saúde, caso precise de ajuda. Todos sabemos que há casas relativamente isoladas no interior do país que distam muitos quilómetros de um serviço de urgência ou de um centro de saúde.
Por outro lado, ao mudar de casa (se for essa a opção), tem de garantir que não leva na “bagagem” alguns erros antigos. De facto, de pouco valerá a um asmático mudar para o campo se leva consigo as velhas carpetes cheias de ácaros e de pó. Por muito que os lave…
Do mesmo modo, tem de avaliar se pode melhorar a sua alimentação. Sem dúvida que, num meio rural, poderá ter um acesso facilitado a frutas e legumes, que têm vindo a ser associados a menos sintomas nos asmáticos.
Pensa-se, também, que a exposição ao sol pode dar uma ajuda. Um estudo feito no ano passado levanta a hipótese de um défice em vitamina D, provocado, desde logo, por uma fraca exposição ao sol, estar na origem da actual epidemia de asma.
Quanto ao filho que vem a caminho, é impossível prever o que irá acontecer, mas tenha em conta que a asma é uma doença genética, mas que os factores ambientais têm um papel decisivo. Escolha em consciência, mas se ficar e o seu filho tiver asma, não se culpe. Há coisas que pura e simplesmente não se conseguem prevenir, por muito que se queira.
Fontes:
http://www.blackwell-synergy.com/doi/abs/10.1111/j.1398-9995.2007.01490.x?prevSearch
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