Prevenção Secundária e Terciária da Asma

Sabe-se actualmente que “prevenir é o melhor remédio”. No caso da asma, estão definidas várias medidas de prevenção primária, secundária e terciária.

As medidas de prevenção primária da asma têm como objectivo evitar que crianças com alto risco de se tornarem alérgicas fiquem sensibilizadas, ou seja, que desenvolvam anticorpos IgE devido ao contacto com certos elementos. É portanto, um nível bastante precoce de prevenção, que pretende “cortar o mal pela raiz”.

Já a prevenção secundária e terciária da asma dirigem-se a pessoas já sensibilizadas ou com doenças alérgicas tais como eczema ou rinoconjuntivite (no primeiro caso) ou mesmo já com asma (no segundo caso), sendo que são estes dois tipos de medidas preventivas que mais interessam às pessoas que estão em risco de se tornarem asmáticas (já sendo alérgicas) ou já têm diagnóstico de asma confirmado.

As medidas de prevenção secundária recomendadas pela “World Allergy Organization for Prevention of Allergy and Allergic Asthma” têm como objectivo evitar que o quadro sintomático de um paciente sensibilizado ou com alguma doença alérgica não muito grave evolua para asma. As medidas que constam da prevenção secundária são as seguintes: 

  • Tratar a dermatite atópica/eczema topicamente e com farmacoterapia sistémica, para prevenir as alergias respiratórias (como rinite ou asma).
  • Tratar doenças das vias aéreas superiores, como a rinite alérgica, para evitar o desenvolvimento de asma.
  • Evitar, dentro do possível, a exposição a todos os alergéneos aos quais se é sensível e ao tabaco.
  • Mudar de posto de trabalho, no caso de a asma estar a ser agravada pela exposição a agentes sensibilizantes ou irritantes presentes no ambiente laboral.

As medidas de prevenção terciária são aplicadas no tratamento da asma e pretendem evitar crises de asma graves, sequelas importantes a longo prazo (como redução fixa da função respiratória) e restringir o impacto da doença na rotina do asmático, assegurando-lhe um nível de qualidade de vida dentro dos padrões normais. A “World Allergy Organization for Prevention of Allergy and Allergic Asthma” definiu como medidas de prevenção terciária: 

  • Evicção de todos os alimentos com proteínas de leite de vaca por parte dos alérgicos ao leite (note bem: só nos indivíduos com alergia comprovada ao leite). Caso seja necessário, deve ser tomado um suplemento hipoalergénico.
  • Adopção de medidas de evicção alérgica para reduzir ou eliminar a exposição aos alergéneos, aumentar o controlo de sintomas e prevenir as crises de asma por parte dos pacientes com asma, rinoconjuntivite, eczema ou outras doenças alérgicas.
  • Tomar medicação preventiva, que controle o processo inflamatório que está na base das crises de asma.
  • Evitar completamente a toma de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou outros anti-inflamatórios não-esteróides sempre que tenha sido detectada sensibilidade a estas substâncias (note bem: só nos indivíduos com sensibilidade a estes fármacos).

Fonte:
World Allergy Organization for Prevention of Allergy and Allergic AsthmaGlobal Initiative for Asthma 

 

Estou a pensar mudar de casa devido à asma

Tenho uma prima que mudou para uma quinta há alguns anos e que melhorou muito. Por isso, estou tentada a seguir-lhe as pisadas. Ainda por cima, como vou ter um filho e sei que a asma é genética, tenho de prevenir. Será que faço bem? 

Há vários estudos que mostram uma redução do risco de desenvolver asma em homens e mulheres que residem em ambientes rurais, designadamente em quintas. O risco é ainda menor quando crescem nesses meios e aí residem durante largos anos, independentemente do contacto com algumas substâncias que são, reconhecidamente, desencadeadoras da doença, como os pesticidas. Assim, a protecção contra a asma parece estar relacionada com a duração da exposição a este tipo de ambiente dito saudável.

Também está provado que a poluição provocada pelo tráfego automóvel nas grandes cidades, sobretudo nas ruas mais movimentadas, está associada a mais sintomas respiratórios. Estudos recentes indicam que as crianças que residem em localidades com muito trânsito e a pouca distância de uma auto-estrada sofrem na pele (ou melhor, nos pulmões) as consequências.

Independentemente da prevenção, que é sempre um factor-chave, sobretudo quando existe história familiar da doença, é importante sublinhar que os agentes poluentes com que adultos e crianças lidam no seu dia-a-dia agravam substancialmente os sintomas característicos da asma, o que naturalmente terá reflexos a nível da procura dos cuidados de saúde, idas ao serviço de urgência e, eventualmente, internamentos. Já para não falar nas despesas que acarretam as doses crescentes de medicamentos para o alívio das crises, o absentismo escolar e laboral (também no caso dos pais) e a perda de rendimentos do agregado familiar.

Mas há outros factores, para além do meio ambiente, que deve ter em conta antes de decidir ir viver para uma aldeia. Desde logo, tem de ponderar a distância a que ficará de uma unidade que preste cuidados de saúde, caso precise de ajuda. Todos sabemos que há casas relativamente isoladas no interior do país que distam muitos quilómetros de um serviço de urgência ou de um centro de saúde.

Por outro lado, ao mudar de casa (se for essa a opção), tem de garantir que não leva na “bagagem” alguns erros antigos. De facto, de pouco valerá a um asmático mudar para o campo se leva consigo as velhas carpetes cheias de ácaros e de pó. Por muito que os lave…

Do mesmo modo, tem de avaliar se pode melhorar a sua alimentação. Sem dúvida que, num meio rural, poderá ter um acesso facilitado a frutas e legumes, que têm vindo a ser associados a menos sintomas nos asmáticos.

Pensa-se, também, que a exposição ao sol pode dar uma ajuda. Um estudo feito no ano passado levanta a hipótese de um défice em vitamina D, provocado, desde logo, por uma fraca exposição ao sol, estar na origem da actual epidemia de asma.

Quanto ao filho que vem a caminho, é impossível prever o que irá acontecer, mas tenha em conta que a asma é uma doença genética, mas que os factores ambientais têm um papel decisivo. Escolha em consciência, mas se ficar e o seu filho tiver asma, não se culpe. Há coisas que pura e simplesmente não se conseguem prevenir, por muito que se queira.  

Fontes:
http://www.blackwell-synergy.com/doi/abs/10.1111/j.1398-9995.2007.01490.x?prevSearch

Patrocínio:

 www.paraquenaolhefalteoar.com

Educação reduz hospitalizações em crianças

Fornecer programas de educação sobre asma, aos pais das crianças com esta patologia reduz o número médio de hospitalizações e as visitas aos serviços de urgência. A constatação é confirmada num artigo que sintetiza todos os estudos científicos realizados anteriormente, publicado recentemente na revista Pediatrics.

O estudo analisou crianças com diagnóstico de asma com idades compreendidas entre os 2 e os 17 anos. Curiosamente, os programas de intervenção educacional na asma não reduziram o número de visitas não programadas ao médico (só aos serviços de urgência). Verificou-se que a forma de fornecer essa educação é crítica para o sucesso dos programas, sendo mais eficazes aqueles que apostavam em métodos de educação interactivos e com mais sessões.

Os autores do estudo sugerem, porém, que são necessários mais estudos para determinar a relação custo/eficácia das diferentes formas de educar os pais sobre a asma. 

Fontes:

http://pediatrics.aappublications.org
Patrocínio:
www.paraquenaolhefalteoar.com

Toxina botulínica poderá ser útil na asma

A toxina botulínica poderá ser útil na asma, sugerem Erle Lim e Raymond Seet, da Universidade de Singapura, vencedores da edição de 2007 do Prémio David Horrobin.

Num artigo intitulado “Toxina Botulínica: Quo Vadis”?, publicado no jornal Medical Hypotheses, os investigadores lembram que este potente veneno actua sobre a actividade colinérgica que controla os músculos e as glândulas, de tal modo que os músculos ficam paralisados e a secreção das glândulas é interrompida.

Conhecido pela sua acção cosmética, o botox já tem diversas aplicações clínicas, sendo usado, por exemplo, em doenças neuromusculares e na hiperidrose (excesso de sudação). Agora, estes cientistas sugerem que a toxina poderia vir a ser utilizada para melhorar a respiração nos doentes que sofrem de asma, bem como noutras doenças, se os estudos propostos vierem a dar resultados positivos. 

Fontes:

http://www.medicalnewstoday.com/articles/101087.php

 

Stress piora sintomas respiratórios

 O stress agrava a asma. Um estudo publicado na edição de Fevereiro do Clinical & Experimental Allergy vem confirmar a hipótese. Segundo os autores, o stress induz a produção de citocinas pró-inflamatórias, o que piora os sintomas respiratórios dos indivíduos asmáticos.

Este estudo também analisou a relação entre a percepção do stress e marcadores de actividade do sistema imunológico, tendo chegado à conclusão de que só nos indivíduos asmáticos a percepção do stress estava correlacionada com as percentagens de TNF-α (um importante mediador inflamatório) e com os níveis de BDNF (brain-derived neurotrophic factor), outra substância envolvida na persistência da inflamação.

Fontes:

http://www.blackwellpublishing.com/journal.asp?ref=0954-7894