Ainda se morre por asma?
Marianela Vaz
Imunoalergologista
Presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos (APA)
No seu blogue publicado no semanário SOL de 20 de Janeiro passado, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa lembra com saudade uma sua antiga secretária que “morreu após um ataque de asma”.
Tendo sido lido certamente por muitos doentes asmáticos e seus familiares,
pareceu-nos importante reflectir sobre este tema: ainda se morre por asma? Infelizmente a resposta é sim, no entanto, estimando a OMS que existem no mundo 300 milhões de asmáticos e que o número de mortes é de 250.000 por ano , podemos dizer que a mortalidade é baixa.
Mas mais importante do que isto é o reconhecimento de que toda a morte por asma é evitável e quando acontece representa um insucesso dos sistemas de saúde.
Gostaríamos que esta notícia não constituisse uma carga negativa para os asmáticos, mas um alerta para a importância do diagnóstico precoce e instituição da terapêutica adequada e para o papel que os doentes devem desempenhar no seu tratamento.
As características da asma favorecem o papel central do doente na gestão da sua doença: é crónica, com grande variabilidade do estado clínico no mesmo doente (facto muito relevante) e depende de tratamento contínuo num número elevado de casos. Assim, a monitorização individual da evolução dos sintomas (variação da frequência e intensidade, percepção precoce das exacerbações) e o ajuste do tratamento de acordo com um plano médico previamente estabelecido e revisto regularmente, é fundamental para o controlo da asma e a consequente diminuição do seu impacto socio-económico e melhoria da qualidade de vida.
Vamos todos empenhar-nos em conhecer a doença, aprender a lidar com ela o melhor possível, a nunca sub-valorizar os sintomas nem se adaptar a viver com má qualidade de vida, porque CONTROLAR A ASMA É POSSÍVEL.