Gravidez – Cuidados especiais

Se é asmática e está grávida, vai ter de prestar mais atenção à sua doença. Para que a sua gravidez seja saudável (e o seu bebé também) tem de manter a sua asma o mais controlada possível. Assim, se já segue um plano de manutenção da asma, alerte o seu especialista para a sua gravidez, já que ele poderá querer fazer alguns ajustes ao plano. No caso de não seguir um plano de manutenção da doença, esta é a altura ideal para o começar a fazer. 

As recomendações para o controlo da asma nas grávidas quase não diferem das recomendações para a população asmática em geral, mas é necessário haver uma vigilância mais regular, tanto por parte da asmática como por parte do médico. 

Que cuidados deve ter durante a gravidez:

·         Deixe de fumar;

·         Assegure um controlo óptimo da asma durante a gravidez, através de um cumprimento rigoroso do plano terapêutico;

·         Trate as crises asmáticas de forma agressiva. Tenha sempre consigo medicação de alívio da asma. Se não sentir alívio imediato, recorra a serviços de urgência;

·         Verifique as necessidades de medicação e a resposta à terapia mais regularmente. Poderá ter um debitómetro (aparelho que mede uma parte da função respiratória) em casa para verificar se tem um fluxo respiratório dentro dos padrões normais ou se está a piorar;

·         Trate a rinite, refluxo gástrico e outras doenças relacionadas com a asma;

·         Não tome a vacina contra a gripe nas primeiras 12 semanas de gravidez;

·         Adopte medidas de evicção alérgica rigorosas (ouvir https://www.apa.org.pt/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=30&Itemid=163);

·         Não inicie tratamentos com vacinas anti-alérgicas após ter conhecimento da gravidez. No caso de já estar em tratamento quando engravida, a vacinação pode ser continuada;

·         Mantenha um registo da evolução do estado da sua asma (leia os benefícios da auto-gestão guiada da asma em https://www.apa.org.pt//index.php?option=com_content&task=view&id=140&Itemid=158) para que possa dar conhecimento ao seu médico da evolução da sua doença de forma mais pormenorizada. 

O parto e a amamentação

Aproximando-se o fim dos 9 meses de gestação, os medos das grávidas centram-se na hora do parto. Para além dos receios habituais, as grávidas asmáticas preocupam-se ainda com as consequências que a asma pode ter no parto e no pós-parto. 

Quão comum é o aparecimento de uma crise durante o parto?

É pouco comum. Embora seja um medo transversal à maioria das asmáticas grávidas, as crises ocorrem apenas entre 10 a 20% dos casos. Estas crises surgem habitualmente quando a asma não estava bem controlada – lembre-se que a probabilidade de ter uma crise é maior se a sua asma não estava bem durante os meses anteriores ao parto. No entanto, as crises, quando surgem, são habitualmente pouco graves e respondem muito bem à medicação. 

Se tiver uma crise durante o parto, o que acontece?

Os profissionais de saúde vão medicá-la de forma adequada, habitualmente com nebulizações e por vezes com medicação administrada nas veias;

Vão hidratá-la através da colocação de fluido intravenoso;

Vão avaliar a sua função pulmonar e a saturação de oxigénio;

Vão administrar-lhe uma epidural para que as dores sejam reduzidas, o que vai evitar os broncoespamos e reduzir o consumo de oxigénio;

Vão monitorizá-la a si e à criança até o estado de ambos estar normalizado. 

Como é que a asma vai afectar o pós-parto?

O estado da asma altera-se em cerca de 66% das gravidezes (em 33% dos casos evolui negativamente e nos outros 33% evolui favoravelmente). Finda a gravidez, o mais provável é que volte ao seu estado normal dentro de três meses após o parto, por isso, esteja preparada. Mantenha-se atenta às alterações e informe o seu médico, para que ele reajuste novamente o plano terapêutico. Algumas mulheres referem que, após a gravidez e o parto, a sua asma se modificou muito (algumas afirmam até que a asma começou após o parto). No entanto, não existem dados suficientes para afirmar com segurança que a asma piora ou melhora de forma sustentada, após o parto. 

Devo tomar a medicação enquanto amamento/Devo amamentar enquanto tomo a medicação?

Sim, deve tomar a medicação para a asma e deve amamentar. O uso da maioria dos medicamentos para a asma é considerado seguro durante a amamentação. Nas doses habituais, os fármacos administrados por via inalatória não passam em quantidades suficientes para o leite materno para terem efeito negativo sobre o bebé. A medicação oral deve ser supervisionada pelo médico, embora não seja contra-indicada se for necessária. As mães asmáticas não devem abdicar de amamentar os seus filhos, já que se pensa que o leite materno oferece protecção à criança contra o desenvolvimento de alergias e asma, para além de muitos outros benefícios conhecidos.